Viagem Literária: O teste do casamento

HOANG, Helen. O teste do casamento. São Paulo: Editora Paralela, 2022. 365 p. Título original: The bride test.

Se, assim como eu, você curtiu muito Os números do amor e vibrou ao saber que a autora lançou um novo livro e ficou louco para ler, deve estar curioso/curiosa para saber como ficou, certo? Hoje, então, trago para vocês as minhas impressões sobre O teste do casamento.

My é uma jovem mãe solo que vive precariamente em uma casinha com sua avó, sua mãe e sua filha. Ela trabalha como camareira em um hotel e teve que largar os estudos quando descobriu a gravidez. Não teve nenhum apoio do namorado na época, sobretudo pelo fato de que My ser birracial, sendo sua mãe é Vietnamita e o pai, americano, de modo que não conseguiria um bom casamento, por assim dizer.

Um belo dia, durante o trabalho, ela conhece uma mulher vietnamita, rica, que vive com a família nos Estados Unidos e que foi ao Viet Nam com apenas um objetivo: arranjar uma noiva para seu filho que é autista e se recusa a ter um relacionamento. Depois de muito procurar e não encontrar, ela conhece My e a considera a pessoa perfeita para ser sua nora e lhe faz uma proposta: ir para os Estados Unidos e conquistar seu filho até o fim do verão, convencendo-o a se casar.

My não quer deixar sua filha, mas, diante da oportunidade para mudar suas vidas ela aceita a proposta e parte rumo ao desconhecido para tentar dar uma vida melhor para sua filha e sua família.

Mas, ao chegar nos Estados Unidos e conhecer Khai, seu suposto noivo, não esperava encontrar tanta hostilidade e acaba percebendo que sua missão pode ser muito mais difícil do que esperava.

Khai acha que não possui sentimentos, pelo menos não amor e tristeza. As pessoas à sua volta acham, na verdade, que ele não sabe lidar com esses sentimentos e apenas precisa de um empurrãozinho. Ele não curte nada a ideia de ter que conviver com alguém que a mãe acha perfeito para ser sua noiva, mas acha que poderá sobreviver até o fim do verão. Mas é quando ele conhece My que ele entenderá que terá dias longos e difíceis pela frente até o fim do verão.

Se você achou que esse livro seria continuação do primeiro, deve ter notado pela sinopse acima que não é bem assim.

Mas, devo explicar que a autora segue a mesma receita da primeira história. Junte um texto simplista, com um protagonista autista, cuja família não aceita que ele simplesmente não tenha um relacionamento, acrescente uma pitada de uma pessoa contratada para dar um jeito nisso, um desejo recíproco que custa a ser resolvido, junte tudo e coloque no forno do final corrido e pronto, temos a receita de Helen Hoang.

A forma como a autora escreve não me incomodou, assim como no primeiro livro. Acho uma escrita fluida e fácil, é daqueles livros que a gente devora e nem percebe.

Mas, talvez por ter lido os livros em sequência, ficou muito mais fácil encontrar defeitos nesse do que teria acontecido se eu não tivesse me lembrado de tudo que aconteceu no primeiro.

Isso acabou fazendo com que eu não caísse de cabeça na história. Ou então foi porque gostei tanto do primeiro que acabei não me apaixonando tanto assim por My e Khai.

Acho que o que mais me incomodou foi que a forma como a mãe do Khai trata a ausência de relacionamento do filho como um capricho, parecendo ignorar tudo em relação ao autismo, que parece nunca ter sido tratado e o cara simplesmente aprendeu a conviver com aquilo e a lidar com as próprias dificuldades e limitações.

Outro ponto que me incomodou foi que, assim como Stella no primeiro livro, My supõe coisas diante dos acontecimentos e reações de Khai que poderiam ser resolvidas simplesmente se ela perguntasse para ele ou se desse ao trabalho de pesquisar! Quando ela descobre que ele é autista, só acha que isso tem a ver com o fato de que ele não gostar que encostem nele e pronto, aff, nem se dá ao trabalho de tentar saber mais.

Assim como acontece com o conflito central do livro, outros conflitos vão sendo empurrados ao longo da história até serem resolvidos de forma corrida, tudo ao mesmo tempo no final e nem tudo de forma satisfatória.

Esse final acelerado que não me incomodou no primeiro livro me deixou bem frustrada nesse, quando vi que o livro estava acabando e as situações não se resolviam.

O final é de deixar o coração quentinho, como sempre, mas você precisa ignorar o turbilhão de coisas que acontecem, umas em cima das outras, para terminar abruptamente e nos encaminhar para o epílogo.

Apesar das minhas reclamações, eu gostei da história de forma geral, embora não tenha conseguido me conectar com Khai, o protagonista. Gostei mais do irmão dele, Kuan, e me peguei desejando várias vezes que a autora tenha a ideia de escrever uma história só para ele. Ele merece! (Helen, me nota!)

Um ponto positivo que já me agradou desde o primeiro livro é o pensamento das personagens femininas no sentido de buscar independência, não depender dos caras e que elas não precisam deles para alcançar os objetivos. Se nada der certo elas vão conseguir sair por cima de outra forma e eu gosto disso! Tem tantos New Adults por aí que colocam protagonistas dependentes e submissas aos caras que dá até preguiça, mas com Helen Hoang você não corre esse risco.

Assim, se você curte New adult ou curtiu o primeiro livro de Helen e quer matar a curiosidade, acho super válido que leia O teste do casamento! Se você, ao contrário de mim, achar o livro tão incrível quanto o primeiro, venha me contar aqui! Vou adorar saber sua opinião!

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Série The Kiss Quotient - Helen hoang