Gay de família - Felipe Fagundes

FAGUNDES, Felipe. Gay de Família. Rio de Janeiro: Editora Paralela, 2022. 272p.

"Diogo está me pagando para cuidar das crianças. Eu sou um fodido. Viajar com meus amigos é muito legal, mas, além de perder dinheiro, eu não terei acesso a um cartão de crédito ilimitado da pessoa que eu mais quero que me pague por todos os favores que já prestei. É literalmente uma reparação histórica." p.35

O livro mais engraçado do ano! Aquele clichê divertido que a gente ama. Tem história fofa, bons personagens, cenas muito engraçadas e muito sem noção, um estilo Sophie Kinsella, só que gay e brasileiro hehe. Confiram o que achei de Gay de família do Felipe Fagundes. 

Diego é solteiro, gay (obviamente), divide um apartamento com a melhor amiga, Nádia, na Zona Sul do Rio de Janeiro; pago pela mãe dela é claro, afinal, os dois são dois assalariados que ganham pouco. E neste final de semana pretende viajar com os amigos para  transar muito curtir muito em Arraial do Cabo. 

Diego se afastou da família depois da relação com os pais se tornar tóxica devido a sua sexualidade. Saiu de casa muito novo e passou por momentos difíceis sozinho. Hoje ele tem grandes amigos, nenhum contato com os pais e contatos esporádicos com seu irmão mais velho, Diogo. Mas ele sabe que o irmão só o procura em dois momentos... no Natal, ou quando precisa de um favor! 

Quando o celular toca bem antes do Natal, ele sabe quem vem problema pela frente. Reluta em atender, mas acaba cedendo. E dito e feito, o irmão precisa urgentemente ir para um retiro para poder transar com a esposa. E a babá cancelou, ninguém pode olhar as três crianças dele e o gato (!). E sem opções, ele vai implorar a ajuda de Diego. 

E, infelizmente, entre um final de semana fantástico onde ele vai GASTAR dinheiro e um final de semana onde ele vai arrancar dinheiro do irmão e ainda ficar com um cartão de crédito liberado, ele escolhe o dinheiro, claro. Além da sua inegável ganância e falta de dinheiro, lá no fundo, Diego acredita que pode ser um ótimo tio. 

"O pior de tudo é que elas já chegaram assim aqui em casa, mas os pais vão dizer que eduquei com o kit gay." p.67

Ele só não imaginava que seria tão difícil e que os sobrinhos fossem, no mínimo, tão estranhos. Diogo 1 (Ester) tem uns 10 ano, se parece mais com o tio do que com o pai, e sofre bullying da própria família por ser gordinha.  Diogo 2 (Miguel) é elétrico, tem 6 anos, não para um minuto e adora brincar de princesa e usar asas de fada. Diogo 3 (Gabriel) tem 3 anos, só usa preto e tem amigos imaginários. Ah, e de brinde, tem uma gata horrorosa e agressiva. 

Logo está tudo uma loucura, mas Diego faz de tudo para se divertir com os sobrinhos e provar que é um ótimo tio. Mesmo tendo lidar com um porteiro que o odeia; um novo vizinho gato, gay e que odeia crianças e uma gata dos infernos. Ah e de brinde tem outra criança que só Diogo 3 enxerga, vai ser um arraso! 

"Sei que é ridículo achar que um brinquedo vai definir a sexualidade de alguém. Meu pai me encheu de bola e futebol, e tô aí até hoje dando o cu." p.191

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Leitura rápida, bem escrito e divertido, eu adorei!! Talvez vocês se lembrem que já resenhei o ebook aqui, mas a nova edição está excelente! São mais páginas, um melhor desenvolvimento do enredo, novos personagens, enfim, nem parecia que eu já tinha lido! Eu adorei o enredo, o tom leve e divertido mesmo quando se trata de temas complicados e os personagens.  

Impossível não gostar de Diego, alguém que tem muitas mágoas do passado, mas segue em frente com um ótimo bom humor e muita positividade. Seus amigos são ótimos e as crianças são muito fofas! Eu costumo não curti livros com muitas crianças porque normalmente tem alguma chata e mimizenta, mas aqui pelo contrário, eu adorei  os três sobrinhos, levados sim, mas totalmente fofos! O menorzinho então, da vontade de apertar!  

O enredo é simples, o livro todo praticamente se passa em um final de semana, mas como eu ri alto em vários momentos! As piadas são excelentes, atuais e falam de tudo. Algumas são tão pops que eu nem entendi (sou uma negação pra famosos atuais tipo Anitta e etc). Tem uma cena na piscina hilária, ele no shopping com as crianças, a cena do gato e a farofa Yoki (impossível, mas engraçada). Eu não curti o excesso de piadas de cunho sexual, é muito cu e muita bunda para o meu gosto (risos). No começo achei engraçado, depois cansou. 

Eu gostei principalmente de que, apesar de ser uma história leve, o livro aborda assuntos pesados e importantes de forma leve. Como preconceitos não só sobre a homossexualidade, mas de raça, gordofobia e os estereótipos em geral. 

O fofo do livro é a relação dele com as crianças, então romance passa longe. O único boy do livro é chato que dói. E como esse livro não avança nada no tempo... cabe tanto uma continuação! Por favor Felipe! Eu queria um confronto com os pais (de leve, não acho também que mereçam um perdão kk), queria um romance de verdade para o Diego e uma evolução na relação com os sobrinhos já com eles um pouco mais velhos (olha aí um enredo todinho kkk). 

Enfim, eu adorei e indico para todo mundo que curte chick-lit, lad lit, romances leves e divertidos sem preconceitos! Leiam!! 

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