O coração das trevas - Joseph Conrad

>>  quarta-feira, 9 de novembro de 2022

 


CONRAD, Joseph. O coração das trevas.  Rio de Janeiro: Darkside Books, 2021. 176 p. Título original: Heart of darkness.  


O coração das trevas fazia parte da imensa pilha de não lidos da minha estante que aguardavam minha boa vontade ou alguma leitura coletiva interessante para que pudesse,  enfim, conhecer sua história. E isso aconteceu agora em outubro, por meio da leitura coletiva aqui do blog mesmo. Então, peguei minha malinha de leitora e, junto com os outros participantes da LC, mergulhei em mais uma viagem literária.  Conto para vocês agora o que achei de O coração das trevas.


Charles Marlow é um marinheiro da marinha mercante, que está navegando pelo rio Tâmisa com outros companheiros, quando surge a oportunidade de contar a eles uma história que aconteceu com ele quando foi contratado para trabalhar em uma grande companhia de extração de marfim em um país.

Ele seria o capitão de um barco, com a incumbência principal de ir à procura do chefe do posto central de extração de marfim, Kurtz, um funcionário que mais parecia uma lenda entre os outros funcionários da companhia e até mesmo entre os nativos. 

Marlow não esperava, contudo, presenciar coisas tão terríveis que o deixariam à beira da loucura, do desespero e da desesperança. 



Queria que essa resenha, assim como várias anteriores, iniciasse com a já conhecida frase: "Como eu amei esse livro!", mas a realidade foi bem outra por aqui, e já explico porquê. 
 
Marlow é,  em verdade, o alter ego de Joseph Conrad, que passou pela mesma experiência quando era marinheiro. 

O livro não conta exatamente, mas é fácil descobrir, por uma rápida pesquisa, que o lugar para o qual Marlow viajou e no qual adentrou o que ele chama "o coração das trevas" é o Congo e os acontecimentos se passam no Rio Congo. 

O que temos nesse livro como contexto histórico é a colonização da África pela visão do europeu colonizador sobre o povo africano colonizado, escravizado, devastado. A visão de um branco vindo direto da civilização para mandar em nativos africanos,  escravizá-los, humilhá-los. Tratá-los como produto, como nada e ainda serem castigados por qualquer coisa. Serem mortos por nada.

E, no inicio, até que Marlow parece horrorizado com tudo o que vê daquele povo nativo sofrendo, ao passo em que começa a ouvir histórias sobre o tal Sr. Kurtz, o homem branco que chegou para conhecer melhor a cultura africana, mas deixou que a ganância pelo marfim o dominasse de tal forma que ele foi capaz de cometer os mais variados crimes e matar muita, muita gente. 

Mas à medida em que Marlow vai avançando pelo rio Congo começamos a observar uma mudança se operando dentro dele. E, aquele cara que chega ao país feliz porque vai trabalhar para uma companhia importante se vê desesperado, doente e enveredando pelos caminhos da loucura. Ele passa de observador do mítico Sr. Kurtz a um adorador. 

Tudo que Marlow nos narra sobre sua aventura,  sobre o que presencia é aterrorizante por tudo o que já sabemos e já lemos em algum lugar sobre escravidão, sobre a crueldade humana e teria me deixado de pele arrepiada e de coração apertado, não fosse a péssima forma como Charles Marlow conta a história. 

Achei a narrativa morna, lenta, sonolenta o que acabou impedindo que eu entrasse na história da forma como deveria e alcançar toda a névoa, e horror e tudo o mais que se esconde no coração das trevas. 

Todos os dias ao ler a meta eu sentia cada vez mais um enfado imenso, e uma vontade enorme de largar o livro e deixar pra lá mais essa história inconclusiva do Marlow (frase do livro que mais me marcou, sobretudo porque concordo imensamente com ela).

Então, que me desculpem os amantes dessa obra e aqueles que enxergaram tudo e mais um pouco que a névoa do Rio Congo trouxe ao longo da história,  mas, para a mim, esse clássico e cânone da literatura não conquistou. 

Talvez, em um momento futuro,  eu possa reler a história e ter uma outra visão,  mas, no momento, essa foi a experiência traumatizante que tive com O coração das trevas.

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Avaliação (1 a 5): 

 





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