Viagem Literária: Editora Trama

>> segunda-feira, 2 de outubro de 2023

STIMSON, Tess. A garota roubada. Rio de Janeiro: Editora Trama, 2022. 376p. Título original: Stolen.

"Vou sentir falta da minha filha a cada vez que eu respirar pelo resto da vida, mas, ainda assim, sou humana. Às vezes anseio pela normalidade, por mais que ela doa: que alguém faça uma piada e não olhe para mim com ar de desculpas, como se tivesse acabado de peidar na igreja." (E-book, posição 2703)

Eu não resisto a um bom thriller, vi muita gente elogiando esse livro e fiquei curiosa para conhecer. Comecei sem saber nada sobre a história e conto para vocês o que achei de A garota roubada da Tess Stimson.

Alexa Martini, 29, é uma advogada de sucesso em Londres. Ela ama sua profissão e se dedica muito para construir uma carreira na área de direitos humanos. Quando fica grávida do namorado italiano, Luca Martini, fica desesperada. Mas os dois acabam se casando, o que também não foi a melhor escolha. Eles já estavam separados quando Luca morreu em um terrível acidente em sua cidade natal na Itália. E agora são só ela e a filha, Lottie, de 3 anos.

Alex viaja para a Flórida para participar do casamento de seu melhor amigo, Marc Chapman. Ela será uma das madrinhas, e Lottie, dama de honra. Sua filha tem um gênio difícil desce cedo, é uma criança independente, precoce e difícil de lidar. Ela torce para que tudo dê certo, para que a filha se comporte e não apronte na festa. E tudo parecia ter dado certo, Lottie estava linda entrando com seu vestidinho e jogando rosas... e essa foi a última vez que ela se lembra de ver a filha.

O casamento era privado na praia do hotel, os convidados eram poucos. Alex saiu junto com os convidados e foi para a recepção, Lottie saiu junto com as daminhas. Todas de vestidos iguais, correndo no meio da festa. Ela pede aos amigos para darem uma olhada nela enquanto conversava... ela não se lembra com certeza se viu Lottie na recepção. Eles rapidamente chamam a polícia e todos começam a procurar pela criança, mas não há sinal de Lottie em lugar algum.

O apelo por uma criança inglesa, sequestrada nos EUA ganha destaque mundial. Lottie logo está na capa de todos os jornais, revistas e aparecendo na TV. O apelo da mãe é criticado, analisado, e ela logo se torna a principal suspeita. Afinal, quem deixa sozinha uma criança de 3 anos??

Alex sabe que não é perfeita, mas ama a filha com todas as forças. E enquanto todos olham erroneamente para a mãe que prioriza a carreira, que ousa fazer sexo e beber em uma festa, sua filha pode estar em qualquer lugar. Alguém a roubou para ficar com ela? Ou pior, para abusar da criança? Ela ainda está viva? O tempo passa rapidamente, e Alex resolve fazer de tudo para encontrar a filha, mesmo que a investigação tome rumos desesperadores.

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O enredo prende o leitor desde o momento em que a criança desaparece, impossível não ficar curioso, não devorar a leitura e torcer por um final feliz. A premissa é excelente, mas achei a história mal desenvolvida. Alguns pontos eu gostei muito, outros deixaram a desejar.

Começando pelos personagens. Alex desde o início não é uma protagonista que o leitor vai amar. Ela é difícil, voluntariosa e tem atitudes estranhas em relação à filha. E Lottie dá medo no começo! Sério, eu fiquei assustada com a criança tão birrenta e insuportável kkk. Claro, que logo que ela some, tudo isso é esquecido e todos torcem pela menininha. Temos também Quinn, a personagem secundária mais importante. Ela é uma repórter de guerra, que após sofrer um grave acidente e se afundar na bebida, foi designada para casos menos importantes e atrás das câmeras. Quinn julga Alex logo no início e não acredita em um sequestrador desconhecido. A repórter comete um erro sério, e para se redimir, fará de tudo para descobrir a verdade. Os outros personagens são todos muito mal desenvolvidos, tanto que nem são dignos de nota. Temos os pais de Alex, desesperados pela perda da neta. A irmã dela, Harriet, que mora em outro país e aparece pouco. E todos os que estavam presentes no casamento.

O início é lento e maçante em alguns momentos. Mas é interessante a personalidade de Alex, que não é a mãe modelo, e que desperta suspeita de todos. E o tempo passa rápido, fui ficando ansiosa conforme aumentava o tempo da criança desaparecida, ou seja, cada vez menos chance dela ser encontrada com vida. Achei o desenvolvimento interessante e o final me surpreendeu.

Desde o começo eu desconfiei de um conhecido, claro. No meio de tanta gente a criança não iria calada com um estranho. Minhas suspeitas foram inicialmente para a irmã de Alex, que mora fora do país, ama a criança e não pode ter filhos. E no final, eu errei o culpado! Isso foi algo que gostei, achei interessante os desdobramentos. Por outro lado, achei pouco crível em um casamento, com todo mundo tirando foto, a pessoa em questão não ter aparecido em nenhuma delas. Ninguém falar nada, ninguém reconhecer (principalmente Alex).

O final me decepcionou um pouco, não pelo que aconteceu, mas pela forma que foi mostrado. Tudo muito corrido, um epílogo com um tempo depois e fim. Achei a cena final toda meio furada, sei lá, não acreditei muito na história. Esperava mais no geral, principalmente da evolução da narrativa e da construção dos personagens.

A história é interessante e prende o leitor, mas para um thriller poderia ser melhor desenvolvida. Quem leu me conte se curtiu!

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Avaliação (1 a 5):

>> sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

HUNTER, Cara. Onde está Daisy Mason?. Rio de Janeiro: Editora Trama, 2021. 336p. (Adam Fawley, v.1). Título original: Close to home.

"Vou te dizer isso agora, antes de começarmos. Você não vai gostar, mas confie em mim: Já fiz isso mais vezes do que gostaria de lembrar. Em um caso como este - envolvendo uma criança -, nove em cada dez vezes o criminoso é alguém próximo. Um familiar, um amigo, um vizinho. Não se esqueça disso. Por mais abalados que aparentem estar, por mais improvável que pareça, eles sabem quem é o culpado. Talvez não conscientemente, e talvez não desde o início. Mas eles sabem. Eles sabem." p.9

Eu adoro thriller, ficção policial e todos os subgêneros! Ouvi falar bem desse livro e fiquei muito curiosa, não conhecia ainda a autora. Confiram o que achei de Onde está Daisy Mason? da Cara Hunter.

Era uma noite comum em Oxford, uma família dava uma festa no jardim para amigos e vizinhos. Mas no final da festa, uma garotinha de 8 anos desaparece, Daisy Mason. E ninguém viu nada! Ninguém lembra qual foi a última vez que ela foi vista, ninguém sabe o que aconteceu, os pais não sabem informar nada... ou pelo menos é o que dizem.

O detetive Adam Fawley começa a investigar. O caso que tem uma criança como vítima é muito difícil para ele, que perdeu o único filho ainda criança e não gosta de falar sobre o assunto. Ele e sua esposa se afastaram bastante depois do que aconteceu.

Adam desconfia de tudo e de todos. Os pais parecem mais preocupados com as aparências do que com a filha. Tudo parece falso, montado. Alguém naquela família sabe de algo. O irmão mais velho de Daisy, Leo, tem apenas 10 anos, mas parece ser uma criança triste e perturbada com algo.

Alguém está mentindo, e quanto mais tempo eles perdem, menos chances existem de encontrar a criança com vida. O tempo está se esgotando.

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O enredo é excelente, mas nem tudo são flores. Uma trama boa que termina com um epílogo desnecessário que foi um balde de água fria e com muitas pontas soltas. Eu gostei do ritmo e fiquei grudada no livro até o final. Foi uma leitura que valeu muito a pena, mas eu esperava bem mais dos desdobramentos.

Falando sobre os personagens, todos foram bem interessantes, eu amei odiar a maioria deles kk. Os pais de Daisy são horríveis! Tem gente que devia ser proibido de procriar, sério mesmo (risos). A mãe parece estar mais interessada em ficar bonita na TV do que no que aconteceu com a filha, uma mulher egoísta ao extremo. O pai vira um suspeito logo no início, quando descobrem que ele tinha um perfil falso na internet para sair com outras mulheres, que mentiu no álibi para o dia do desaparecimento e era bem pouco confiável. E o protagonista, o detetive, tem um passado traumático e é um personagem interessante, mas achei ele bem fraco como investigador principal. Os outros coadjuvantes tem bem pouco destaque. Achei os personagens todos muito estereotipados. A parte de homem X mulher na polícia segue aquele clichê preconceituoso de sempre e o livro tem vários pequenos comentários machistas por parte de Adam, como o fato do sapato da mãe ser de salto agulha despertar várias suspeitas... oi?

O enredo, claro, é ótimo. O desaparecimento de uma criança, sem uma pista e sem ninguém saber de nada, os pais muito estranhos, tudo prende a atenção do leitor logo nas primeiras páginas. A narrativa conta também com vários trechos de conversas no Twitter sobre o desaparecimento, e logo os pais estão sendo condenados nas redes sociais, achei interessante essa abordagem tão atual. E engraçado como pela primeira vez, eu gosto mais de um título nacional do que o original, gostei da escolha da editora.

Algumas perguntas ficam sem respostas. O que realmente aconteceu com o filho do Adam? Tem passagens sobre isso durante o livro todo, no final sabemos como ele morreu, mas a história toda não é explicada, não sei se será abordado nos próximos livros. Durante a investigação parece que as amigas da Daisy sabiam mais coisas, isso tudo fica no ar, as meninas não são entrevistadas novamente. Os policiais caem fácil demais em todos os problemas em aberto, só depois as pistas caem nas mãos deles, mas deixam passar muita coisa passar batido. Em casos assim de sequestro, de uma criança, na Inglaterra? Isso de não poderem revistar a casa não faz sentido, eles não investigarem melhor as pessoas que tinham ligação direta com ela além dos pais, não faz sentido.

Já o desenvolvimento, apesar de prender o leitor, começa a incomodar durante a leitura. São muitas perguntas sem respostas e o fato dos policiais não fazerem determinadas investigações ou perguntas logo de cara, começa a incomodar. A policia é incompetente? Ou foi um artifício para manter o mistério? Ou uma falha da autora? Difícil saber, mas segue assim até o final. E o final seria interessante se não fosse um epílogo que mata a trama toda! Eu geralmente amo epílogos, mas esse foi um tiro no pé. [ALERTA DE SPOILER SOBRE O FINAL DO LIVRO] No final do livro o pai é preso por outras acusações e a mãe está sendo julgada pela morte da criança, embora o corpo não tenha sido encontrado. Aí temos um epílogo onde Daisy aparece viva com a professora da escola, indo embora para a Irlanda. E só isso! Se ela foi abusada ou não pelo pai é uma incógnita (embora eu ache que não). E como uma criança que estava em todas as mídias sai assim do país de barco? Com qual documento?? Como ninguém descobriu nada entre ela e essa professora, nenhuma pista no decorrer da investigação? Como ninguém viu nada de estranho sendo que conversaram com a professora várias vezes. Onde ela ficou escondida esse tempo todo? É tudo muito furado! Eu não comprei esse final e no lugar de surpreender achei muito mal feito. Fora que jogam uma maturidade meio irreal para uma criança dessa idade. Ela manipulou todo mundo, escondeu tudo e armou sua fuga? Sei. E os pais? O comportamento horrível e dissimulado deles faz sentido se um dos dois fossem culpados. Agora se realmente os dois eram inocentes não faz sentido nenhum eles mentirem tanto para polícia e parecerem tão ineptos. Ninguém é tão burro assim hahaha. [FIM DOS SPOILERS].

Alguém já leu o segundo? Ainda não comprei e estou curiosa. Quem leu me conte se gostou!

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Série Detetive Adam Fawley: