Viagem Literária: Freida McFadden

MCFADDEN, Freida. A empregada. São Paulo: Editora Arqueiro, 2023. 304p. (A empregada, v.1). Títul original: The housemaid.

"Se alguém quisesse, poderia facilmente me trancar aqui. E há apenas aquela janela, que dá para os fundos da casa. Este quarto poderia ser um cativeiro." p.28

Esse lançamento vem dando o que falar por aí, e eu já curiosa, fui conferir a história de A empregada da Freida McFadden.

Wilhelmina Calloway, a Millie, precisa desesperadamente arrumar um emprego, qualquer emprego. Mas inevitavelmente seus contratantes verificam sua ficha, e descobrem logo sobre os seus "antecedentes criminais". Depois de perder seu último emprego, ela passa a viver em seu carro e está desesperada. Até que aparece uma oportunidade, boa demais para ser verdade.

Mille começa a trabalhar na casa de Nina e Andrew Winchester e sua filhinha Cecelia. A casa é linda, enorme, eles são ricos e tudo parece ótimo. Mas Millie fica um pouco assustada com seu quarto minúsculo no porão, sem janela e que só tranca pelo lado de fora, mais parece uma prisão. Logo odeia Nina, a mulher é completamente louca, e alterna momentos de simpatia com ataques psicóticos.

Nina mente, engana, manipula o marido. Ela não dá o mínimo valor a vida perfeita que tem. Ao marido lindo, rico e tão gentil. Inevitavelmente, Millie se apaixona por ele. E começa a imaginar como seria, se ela estivesse no lugar de Nina. Se ela fosse a dona daquela casa, com aquele marido e desse um filho a ele. Tudo seria tão perfeito!

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Esse livro foi uma montanha russa de sentimentos e emoções, mas vou começar dizendo que eu não fazia ideia que era um thriller psicológico e não um romance/drama. Apesar de ver muitos elogios por aí, eu não gosto de ler sinopse, orelha, nada antes de ler. Então foi tudo uma surpresa, e que surpresa.

Não dá para negar que o livro é diferente, o enredo prende, e a narrativa da autora flui muito bem! Talvez surpreenda mais quem é novo nesse gênero, mas para quem já leu centenas de thrillers igual eu, achei tudo muito fraco e bem manjado. Eu devorei, me diverti, mas não me convenci realmente com a história.

Começando pelos personagens, Nina é a única condizente com o que é apresentado na trama. Uma mulher que vive para o marido e a filha, tem vários problemas e é capaz de tudo para resolvê-los. Já Andrew, era bom demais para ser verdade desde o início. Então li dois capítulos e já percebi que ali tinha treta hehe. Millie é completamente sem noção! Ela tem uma leve vibe de "Maria do Bairro" com tudo o que sofreu, mas é sonsa até falar que chega! Ela tem uma chefe louca de ciúmes, e vive se metendo em situações constrangedoras com Andrew, se metendo onde não deve e se atrapalhando com tudo. Eu alternava momentos de pena dela, com querer estrangulá-la (risos). Cece, a criança, é quase um abajur, uma criança já com seus 5, 7 anos (não lembro rs), era para ter mais participação na história, para se expressar mais. Achei tudo muito raso na construção dos personagens.

E tem alguns furos também! Logo no início fala-se que Nina tem trinta e poucos anos, e que Millie é uns 10 anos mais nova que ela. Isso coloca Millie nos seus 20 e poucos. Em seguida fala que ela passou 10 anos na prisão, que ela tem um carro de 10 anos... ou seja, ela foi presa com 10 anos? kkk. E depois fala que foi presa na época da faculdade, ou seja, tudo bagunçado. Esses furos me incomodam muito, principalmente em livros de suspense. O final também teve coisas completamente sem pé nem cabeça.

Eu matei logo a charada da trama, adivinhei tudo. Então não teve reviravoltas para mim, mas mesmo assim curti o desenvolvimento do enredo. Agora o final foi bem pouco crível e eu esperava bem mais dessa parte. [ALERTA DE SPOILER] Claramente Andrew é um sociopata, as torturas que ele fazia com a esposa, por motivo nenhum, deixa isso claro. Mas quando ela começa, de propósito, a ficar desmazelada e não fazer mais nada para atrair a atenção do marido para Millie (plano escroto da Nina, mas tudo bem rs), o comportamento de Andrew não é nada condizente. Seria muito fácil ele se livrar de Millie, nem que fosse por pouco tempo, e "castigar" Nina. Ele se comporta bem demais para alguém tão cruel. Millie é outra coisa estranha, uma sonsa o livro todo, aí no final fica completamente fria e sórdida, não comprei a mudança repentina. E o final foi o que não me ganhou. Aquilo do policial do nada resolver esconder tudo e encobrir o crime, foi furado demais. As evidências físicas de tortura é algo bem difícil de esconder, principalmente contando com a ajuda do legista. Bem pouco crível. E o plot da continuação ainda piora tudo, agora ela vai ser tipo uma justiceira se livrando de abusadores? Nada contra, mas pouco convincente hehe. [FIM DOS SPOILERS]

Bom, minha nota não foi alta pelo que falei acima, e minhas expectativas estavam altas porque o livro está muito bem avaliado no Skoob e no GoodReads. Mas foi uma leitura muito interessante mesmo assim. Eu leria a continuação, só para ver o que vai acontecer hehe. Quem leu me conte se curtiu, leiam!

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Série The housemaid: