Garota exemplar - Gillian Flynn

>>  terça-feira, 12 de março de 2013

Flynn, Gillian. Garota exemplar. Rio de Janeiro: Editora Intrínseca, 2013. 448p.  Título original: Gone Girl.

“Essa era minha décima primeira mentira. A Amy de hoje era agressiva o suficiente para você às vezes querer machucá-la. Falo especificamente da Amy de hoje, que só é remotamente parecida com a mulher por que me apaixonei. Havia sido uma medonha transformação de conto de fadas às avessas. Em poucos anos, a antiga Amy, a garota da grande gargalhada e do jeito fácil, livrou-se dela mesma, uma pilha de pele e alma no chão, e dali saiu a nova Amy, tensa e amarga.” p.60

Declaro, para os devidos fins que se façam necessários, que a partir desta data, eu, que vos escreve, lerei até bula de remédio escrita por Gillian Flynn. Por ser verdade, assino a presente ^^. Que alívio sair de um longo período de livros nota 3, alguns poucos com nota 4 e finalmente achar um livro nota 5 e favoritado.  E este é mais um ganhador do Goodreads Choice Awards 2012, na categoria Best Mystery&Thriller. Não fique procurando saber muito sobre ele, leia logo e, espero, se entusiasme tanto quanto eu com Garota exemplar.

Amy Dunne desapareceu misteriosamente no dia de seu aniversário de 5 anos de casamento. Seu marido Nick encontra a casa revirada, vidros quebrados, sinais de luta e nada de sua esposa. Ele chama a policia e parece calmo, calmo demais. Bonito e sorridente, sorridente? É, ele abriu um sorrisão de bom moço quando deveria estar chorando a esposa desaparecida, quem sabe sequestrada, talvez assassinada.

Nick Dunne não entende como sua vida chegou até aquele ponto, onde ele mentia para a policia repetidamente e tentava ficar sozinho, pensar. Ele odiava tudo aquilo e só queria que terminasse, e é ai que aparece a primeira pista, não do desaparecimento, mas da caça ao tesouro que sua esposa fazia em todos os aniversários de casamento.

“Meu marido é o homem mais leal do planeta, até deixar de ser. Eu vi seus olhos literalmente ficando mais escuros nas vezes em que se sentiu traído por um amigo, mesmo um velho amigo querido, e então o amigo nunca mais é mencionado. Ele olhara para mim como se eu fosse um objeto a ser descartado, caso necessário. Isso realmente me gelou, aquele olhar.” p. 115

Amy, 38 anos, era linda, inteligente e rica. Ela nos fala do passado, acompanhamos seu diário desde o dia em que conheceu e se apaixonou perdidamente por seu futuro marido. De como ela abriu mão de tanta coisa por ele, a última delas sendo largar sua vida em Nova York e voltar com ele para sua cidade natal, onde seus pais estavam doentes e precisando de ajuda. Foi ela que emprestou o dinheiro para o marido abrir um bar com sua irmã gêmea, enquanto ficava sozinha em casa esperando por ele. Uma casinha às margens do Rio Mississippi.

Nick nos fala do presente, desde o momento em que entrou e encontrou a casa toda revirada. Ele se desdobra em explicações e pequenas mentiras, até que começa a ser considerado o principal suspeito do crime.Ele não parece triste o suficiente, preocupado o suficiente. Parece tão frio e tão calmo, e totalmente, desagradável. Ele parece não se importar muito com Amy, mas será que seria um assassino?

Nick jura inocência, sua irmã gêmea Margo está sempre ao seu lado. Os pais de Amy chegam à cidade para as investigações.  Eles querem encontrar Amy, sua filha amada. E se não foi Nick, por que todas as pistas apontam para ele?

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Sensacional! Este livro é de tirar o fôlego, de perder o sono, de quebrar a cabeça. Você leitor irá ser preso e mergulhar de cabeça nesta trama. Irá tecer hipóteses, escolher um lado, criar situações e odiar Nick no processo. A autora em determinado momento jogará todas suas afirmações por terra, e intrinsecamente irá te dizer “quem manda aqui sou eu”. Você se recupera rápido do choque, afinal tem muito livro ainda pela frente e você se recusa a ir dormir. E continua, tece novas hipóteses, imagina um desfecho e a autora chega e ri na sua cara! E você pensa, pqp, sério?? Pois é, pois é, pois é.

Eu até desconfiei de um certo desdobramento que realmente aconteceu, mas com outros motivos e outras nuances, me enganei totalmente e fiquei “feliz igual pinto no lixo” por isso. O livro é surpreendentemente fantástico e pasmem, ORIGINAL. Cá para nós, não é um elogio que conseguimos usar muito atualmente. 

Por ser politicamente incorreto eu me lembrei muito de Selvagens quando terminei; e não pela historia ser remotamente parecida, mas porque ambos quebram preconceitos e jogam com as opiniões pré concebidas dos leitores. Me lembrei também de Um dia - como a Nanie citou em sua resenha-, mas por odiar Nick tanto quanto odiei Dex; embora sejam personagens diferentes ambos são fracos, mas ao contrário da Emma eu amei Amy. Amei Amy não só no começo, amei Amy até a última linha, o que sei que nem todo mundo irá concordar.

Este é um livro para ser abraçado, para que o leitor jogue por terra seu senso de justiça e aceite a inteligência dos dois protagonistas. Não julgue, pois você corre o risco de desgostar deste livro fenomenal fazendo isso. Ai meu Deus, estou babando já, desculpem, mas é pura empolgação. Garota exemplar é dos poucos que eu até duvido que alguém possa não gostar, um dos melhores suspenses psicológicos que eu já li na vida.

Esperando e torcendo ansiosamente para que saiam outros livros da autora – Dark Place e Sharp objects – no Brasil. Não posso falar mais nada, não quero quebrar a magia para vocês. Então leiam logo!  Passem na frente, furem a fila, estourem os cartões, implorem como presente.... enquanto isso deixo uma provinha com o primeiro capítulo do livro.           

Avaliação (1 a 5):

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