Em busca de abrigo - Jojo Moyes

>>  terça-feira, 14 de julho de 2015

MOYES, Jojo. Em busca de abrigo. 2ed. Rio de Janeiro: Editora Bertrand, 2015. 434p. Título original: Sheltering rain.

“Kate ficou em pé, olhando a mãe por mais alguns momentos, tornando a reconhecer aos poucos a história de amor da qual tanto sentira falta. Então deu um passo para frente, e pela primeira vez desde que era criança, segurou Joy, envolvendo-a carinhosamente em seus braços, dando tempo para que a sua mãe substituísse a habitual rigidez por algo mais dócil.” p.405

Sou fã incondicional da Jojo Moyes. Ela arrasa, emociona e diverte o leitor, seja no drama, no romance histórico ou no romance moderno. Lançado em 2002 nos EUA, seu romance de estreia acaba de ganhar uma reedição no Brasil, e claro, corri para ler. Hoje conto para vocês o que achei de Em busca de abrigo.

Hong Kong, 1953.
A comunidade de expatriados se reúne em uma grande festa para celebrar a Coração da Rainha Elizabeth II, através de um rádio antigo. Cansada das regras da sociedade, dos papos sem graça e das exigências da mãe, Joy Leonard, 21 anos, termina bêbada, mas acaba conhecendo o homem de sua vida. Edward Ballantyne trabalha na marinha e só poderá reencontrar sua noiva um ano depois.

Inglaterra, 1997.
Katherine, 34 anos, tenta construir sua vida ao lado da filha, depois de mais um de seus relacionamentos terminar de forma abrupta. Ela trocou o parceiro de alguns anos Geoff, por uma nova paixão, mas Justin não parece ser nada do que ela imaginava. Sem querer que a filha presencie todo o drama, resolve enviá-la para ficar com os avós e ajudar a cuidar do avô doente. Kate não vê os pais faz anos, desde que engravidou aos 18 anos e fora embora com a filha na barriga, tudo mudou.

Irlanda, 1997.
Sabine aos 16 anos se sente incompreendida, está insatisfeita com as decisões da mãe e revoltada de ser obrigada a ir para o meio do nada visitar uns avós dos quais nem se lembra. Ao chegar no pequeno vilarejo de Kilcarrion, descobre que não tem televisão, telefone, nem nenhuma maneira de se divertir. Ela tem avós rigorosos, uma casa repleta de mofo e traças, e muitas regras para cumprir.

Três gerações irão se encontrar. Mágoas e segredos serão confrontados por uma convivência forçada. As três vivem em seu mundinho, concentradas na própria vida. Nenhuma delas percebe que existe muito mais por trás das aparências, e que o tempo, nem sempre cura tudo.

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O romance de estreia da Jojo é mais lento e mais truncado do que encontramos normalmente na narrativa da autora. Sua escrita se tornou mais fluida e direta, seus personagens mais marcantes. Eu já esperava por isso, afinal, foi seu primeiro romance e foi escrito anos antes dos best-sellers que conhecemos. Apesar de não ter amado, e principalmente, de ter expectativas maiores, é uma leitura bela e não deixa de ser interessante.

A narrativa se alterna entre as três mulheres, protagonistas muito diferentes. Joy ainda adolescente com sua família e encontrando o amor, uma moça que se sentia desajustada e não tinha nada em comum com os pais. Joy no presente, mais de 40 anos depois, uma mulher rígida e muito solitária. Kate uma mulher insegura, carente e indecisa, que procura o amor através de parceiros errados e nunca está satisfeita com o que encontra. Ela que fugiu das regras absurdas dos pais, para encontrar liberdade, mas acabou perdida no meio do caminho. E por último, Sabine, uma adolescente revoltada com as escolhas da mãe, se sentindo sozinha e abandonada, injustiçada. Sabine que precisa amadurecer. Kate que precisa se conhecer. Joy que precisa perdoar.

A história dessas três mulheres é interessante, comovente em alguns momentos. Porém, o desenvolvimento é lento, narrando a vida das protagonistas no dia a dia, fiquei esperando algo a mais. E o final é abrupto depois da lentidão do início, muita coisa poderia ter sido melhor contada, ou poderia ter um epílogo. Gostei de ver a forma como cada uma foi desabrochando e se modificando, deixando velhas mágoas para trás. O fato de eu não ter me apegado muito a nenhuma das protagonistas contribuiu para não amar a história; gostei mais da Joy adolescente, Kate é chata, Sabine uma pentelha rs. Talvez se a autora tivesse focado mais na história da Joy jovem, para só depois dar o salto temporal, tivesse me prendido mais, não sei dizer.

A ambientação é fantástica. Da movimenta Hong Kong do passado até a Irlanda do presente, tudo é muito bem descrito. Você consegue visualizar a casa na fazenda, os cavalos, os trabalhadores, a chuva que não para, a grande caçada, etc. Já da para ver o estilo da autora se formando, na ambientação cuidadosa, nos diálogos inteligentes.

Jojo Moyes nunca é dispensável, mas se você não leu os outros da autora, essa não é minha primeira indicação. Como eu era antes de você tem lugar cativo no meu coração rs. Quem leu me conte o que achou!

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