O colecionador - Nora Roberts

>>  terça-feira, 23 de maio de 2017

ROBERTS, Nora. O colecionador. Rio de Janeiro: Editora Bertrand, 2017. 462p. Título original: The collector.

“Suas mãos subiram, passando pelo quadril, pela cintura, pelas costelas, pela lateral dos seios, acendendo pequenos incêndios até finalmente chegar ao rosto de Lila.
Tomou a boca dela na sua.
Ele a queria, talvez desde o momento em que se conheceram, quando sentara diante dela naquela pequena cafeteria. Estava tão atordoado pelo choque e pela dor, e Lila o ajudara.” p.210

Para quem não é fã da Nora Roberts e não leu muitos livros da autora, entendam, ela explora vertentes muito diferentes. Temos os romances policiais da série mortal (onde ela assina como J. D. Robb), os romances água com açúcar, os romances sobrenaturais e os suspenses românticos. Eu amo a série Mortal, nos outros estilos da autora não sou daquelas fãs incondicionais... adoro alguns livros, outros acho repetitivos e preguiçosos. E não é para menos, a mulher é uma máquina para escrever. Seu último lançamento no Brasil é um suspense romântico, conheçam O colecionador.

Lila Emerson é curiosa por natureza, adora observar as pessoas e inventa histórias em sua cabeça enquanto isso. Afinal, ela é uma escritora, no momento está escrevendo o terceiro livro de sua saga adolescente sobre lobisomens, que faz um sucesso moderado no mercado. Quando era criança vivia se mudando devido a carreira militar do pai, e depois de adulta, abraçou também uma carreira peregrina. Além de escrever, Lila trabalha cuidando de casas e bichinhos de estimação, enquanto os donos estão viajando, o que lhe garante uma renda fixa, uma boa ocupação e tempo para escrever. Lila adora seu binóculo, e em seu mais recente trabalho, passava algum tempo observando os vizinhos em um rico condomínio de Nova York.

Em uma noite, sua vida mudou para sempre. Enquanto observava os apartamentos em frente, uma mulher foi agredida e empurrada de uma sacada. Ela acaba por se tornar a única testemunha de um assassinato.

Ashton Archer é um pintor rico e solitário. Vem de uma família grande, tem treze irmãos entre os muitos casamentos dos pais. E apesar de nunca ter sido muito próximo do irresponsável, Oliver, se sente culpado pela morte trágica do irmão. Ele não acredita nem por um momento que ele possa ter espancado a namorada e depois se matado, o que parece ser a teoria da polícia, e a única que pessoa que pode ajudá-lo é a testemunha ocular do crime.

Os dois sentem uma mútua atração. Enquanto ele quer pintá-la em seu mais novo quadro, começam a investigar para tentar descobrir quem matou o irmão e a namorada e por quê. A investigação se torna perigosa, e a medida que vão descobrindo no que Oliver estava metido, acabam por se colocar também em risco.

"- Olhe, se está preocupada, pode se trancar no banheiro. 
- De jeito nenhum vou me trancar no banheiro. Não leu O iluminado?" p. 97

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Eu amei a leitura logo no início, Lila é inteligente e divertida, cheia de tiradas engraçadas e inteligentes. Ashton é lindo, sofrido e você logo quer colocá-lo no colo para que fique tudo bem. Ainda tem um gato fofooo, um cachorro minúsculo mais fofo ainda e muita confusão. Porém, no decorrer do livro foram me incomodando as falas exageradamente discursivas, os estereótipos e todos os clichês. Não a ponto de eu desgostar da leitura, principalmente porque gostei dos protagonistas, mas isso fez com o que o livro não fosse um favorito.

Os protagonistas são legais. Lila é descontraída, inteligente, decidida e muito independente. Ela tem um grande coração e está sempre pronta para ajudar. Não se impressiona com muita coisa e leva a vida de forma leve e despretensiosa. Ash tem olhos e alma de pintor, é um pouco autoritário e está acostumado a conseguir tudo o que quer. No início ele quer descobrir quem matou o irmão, depois ele quer Lila. Os dois tem momentos divertidos juntos, com muitas tiradas engraçadas, algumas delas com citações literárias.  Os personagens secundários seguem a deixa: bonitos, bem sucedidos, melhores amigos dos protagonistas e tal, Luke e Julie tem sua própria história em paralelo, um passado e um relacionamento mal resolvido. 

O romance
Livros da Nora sempre são clichês nesse sentido, isso em si não me incomoda. O relacionamento dos dois começou de forma leve e foi ficando sério aos poucos, tem muitas cenas sensuais e outras fofas. O que me incomoda é como os casais beiram a perfeição. Lila é linda, desejável, inteligente, alegre e madura. Ela sempre fala as coisas certas, os diálogos por muitas vezes viraram um discurso filosófico ou de motivação, o que encheu o saco. Lila é doce e adorável, ao mesmo tempo é forte e independente. É toda carinhosa, mas sabe usar ferramentas, dar um soco, conserta tudo o que vê pela frente e é quase um MacGyver... Ash faz o papel do homem bonito, rico e triste. Que nunca se apaixonou até conhecer a mocinha. Meio forçado e com personagens perfeitos demais, sempre um problema da autora. Mas pelo menos a mocinha e suas frases perfeitas não chegaram a ficar forçadas, como em A casa da praia. O final foi legal, mas faltou um epílogo sobre o casal.

O suspense
Um casal assassinado, a tentativa de parecer um crime passional e o suicídio. Daí se inicia a investigação de Ash e Lila, tentando encontrar um assassino misterioso. Logo fica claro que envolve dinheiro, obras raras e uma assassina profissional. O suspense foi bem legal no início, depois foi ficando meio clichê, tudo muito sacal. A forma como os protagonistas conseguem resolver tudo, deixando a polícia de lado (ou pior ainda, fazendo eles colaborarem como se fosse normal) ficou forçada e pouco crível. Lila lutando com uma assassina profissional que já matou agentes do serviço secreto, foi de rir alto. O final do suspense foi dedutível, nada diferente do que eu esperava.

Gostei bem mais de alguns outros suspenses românticos da autora, mas não nego que o livro arrancou sorrisos, suspiros, e que a leitura prende. Não é o melhor da autora, mas é um bom livro para se divertir. Quem leu me conte o que achou!

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Avaliação (1 a 5): 3.5

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