A esperança de uma mãe - Francine Rivers

>>  sexta-feira, 21 de maio de 2021

 

RIVERS, Francine. A esperança de uma mãe. São Paulo: Editora Verus, 2012. 504p. (O legado de Marta, V.1). Título original: Her mother's hope.

"- A maior parte das espécies voa em bando - e uma lágrima escorreu em sua face branca. - A água voa sozinha." p.52

Francine Rivers é uma conhecida autora de ficção cristã, um gênero que não conheço muito bem. Mas depois de Amor de redenção eu fiquei encantada com o trabalho da autora. Este é o primeiro volume de uma duologia mais antiga da autora, confiram o que achei de A esperança de uma mãe.

Suíça, 1901
Marta Schneider é suíça e vive com os pais e os dois irmãos em uma pequena cidade. Filha de um alfaiate e uma costureira, Marta sempre sonhou em ser mais, em ter mais. O pai era muito rígido e muito injusto com a filha, que não era um menino como o irmão, Hermann, e nem tão bela quanto a caçula, Elise. Ela era muito inteligente e sonhava em estudar, ir para uma boa faculdade, aprender outras línguas. Mas o pai a obriga a sair da escola para trabalhar, antes de completar o ginásio.

Em seguida o pai a envia para uma "escola" de boas maneiras, onde ela seria treinada para ser uma empregada. E a mãe, que conhece os sonhos da filha, mas pouco pode fazer frente ao marido abusivo, fala para ela partir e buscar seus sonhos. E é assim que Marta se muda, passa por vários países, na França para aprender francês, na Inglaterra para aprender inglês, até chegar ao Canadá.  Nesses lugares ela também foi se tornando uma ótima cozinheira e aprendendo tudo sobre negócios. Lá ela junta suas economias e realiza seu grande sonho, ser dona de uma pensão.  

Exímia cozinheira e falando quatro línguas, Marta apesar do pouco estudo, é uma empreendedora. Ela logo transforma a pensão em um lugar lucrativo e acolhedor. Em Montreal ela conhece Niclas Waltert, um engenheiro alemão tão religioso quanto ela. Eles acabam se casando. Com a proximidade da Primeira Guerra Mundial o marido alemão logo é demitido e eles começam a lidar com o preconceito das pessoas. Sem conseguir emprego, ele acaba virando fazendeiro. Marta não vê outra saída a não ser vender a pensão e seguir o marido. Eles acabam chegando à Califórnia e tentam começar a vida no meio a pobreza e a desolação do lugar onde o marido consegue uma terra para trabalhar. 

Em 1921, Hildemara, a filha mais velha de Marta, sente a solidão de ser incompreendida pela mãe. Hildemara sempre foi tímida e frágil, nasceu prematura, e Marta sempre temeu que ela se tornasse alguém fraca e dependente como sua irmã, Elise, que teve um destino trágico. Então ela era mais dura com a filha, que não entendia o que fazia de errado para não ter o amor da mãe, ao contrário de seus três outros irmãos. Bernie, o filho mais velho, ajudava o pai na fazenda e era um menino forte e popular. Clotilde era uma ótima costureira e sonhava em costurar para as estrelas de Hollywood, trabalhando com figurinos. Rikka tinha alma de artista e queria ser pintora. A rigidez incompreendida de Marta só quer que os filhos sejam mais, que estudem, que tenham uma carreira e se tornem independentes.

Hildemara descobre que sempre sonhou em ser enfermeira, mas a mãe faz pouco caso de sua profissão. Ela luta para estudar, trabalhar e conquistar seus sonhos.  Quando mais ela faz, mais se afasta da mãe.  

Com Hildemara já adulta, pós Segunda Guerra Mundial, mãe e filha precisam colocar seus problemas de lado, se quiserem alguma chance de se reaproximar. 

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Muito mais que um romance, este é um grande drama familiar, que passa por gerações. Apesar da narrativa ser lenta em alguns momentos e alguns personagens irritarem ao longo das páginas, a autora trouxe uma linda história de amor, perdão, fé e perseverança.  

Marta é uma força da natureza! Desde criança a protagonista lutou com unhas e dentes para ter o que queria. Muitas vezes ela questiona Deus, seus valores e sua fé. A mãe sempre a ensinou a rezar e a perdoar, Marta muitas vezes deseja vingança. Ela passa por inúmeras dificuldades ao longo da vida, sem nunca olhar para trás, sem nunca desistir. Eu torci muito por ela, compreendi o porquê dela endurecer seu coração e seguir em frente apesar de tudo. Entendi até o motivo dela ser tão dura com a filha, mesmo sendo sempre tão incompreendida e acabando por se tornar tão dura quanto o pai, que ela nunca perdoou.  Achei lindo como ao longo da vida ela continuou escrevendo cartas para a melhor amiga de infância, que se casou e continuou na Suíça. 

De repente a narrativa passa a ser de Hildemara, a filha incompreendida. A menina frágil e tímida, que não tinha amigos e achava que não tinha o amor da mãe. A criança que teve que sozinha escolher seus caminhos e lutar pelos seus sonhos. Marta sempre achou que não poderia demonstrar amor ou fraqueza, ou a filha seria como sua irmã caçula, que nunca teve forças para lutar por nada. E teve um fim muito triste. Mas Marta não percebeu que, ao longo dos anos, perdia o amor da filha. Hildemara sempre achou que nunca conseguia agradar a mãe, por mais que tentasse. A mãe que amava tanto os irmãos, sempre foi muito dura com ela. A criança frágil se torna uma mulher forte, mas que não sabe como pedir ajuda. 

Niclas, marido de M    arta, sempre foi um homem bom e trabalhador. Mas era também teimoso, acreditava ser sua obrigação sustentar a família e da esposa segui-lo. Suas atitudes impensadas ao longo do livro, trás miséria e sofrimento para a família. Enquanto Marta queria agir e mudar algo, ele acreditava que só precisava rezar que Deus ira ajudar. Ela, muito prática, achava que devia rezar sim, mas ao mesmo tempo, fazer algo a respeito. Como eu amei essa protagonista! 

Eu, como boa cristã... #sóquenão, queria matar todo mundo! hahaha. Morri de ódio do pai dela, abusivo e intolerante. Fiquei feliz com a decisão que ela toma sobre a família e parte mundo afora. Depois morri de raiva de Niclas, sinceramente, achei que ela estava melhor sem ele. Quatro filhos pequenos em sequência! A Marta trabalhando de sol a sol, cuidando dessa meninada sozinha e o marido lá rezando e sendo passado para trás pelos donos da terras! Raiva define rs.  Depois Marta muda muito, se torna amarga com a filha, eu fiquei com muita pena de Hildemara o livro todo. Mas consegui também entender os motivos da mãe. O problema é que Marta é muito fechada e não conta nada para ninguém. Então a filha só acha que a mãe não a ama e é uma pessoa impossível de agradar.  

A história passa por duas grandes guerras e por inúmeras mudanças no mundo e na vida da família. O livro termina bem aberto e tem continuação direta com "O sonho de uma filha". Eu não gosto muito de finais tão abertos, totalmente dependentes, parece que partiram um livro no meio (até porque Hildemara já narra grande parte deste livro), mas pelo menos já tenho o livro aqui rs. 

Eu gosto muito da autora e indico para quem curte este gênero. É um romance forte, com muito drama, mas também com muita fé e esperança. Apesar dos romances como pano de fundo, é uma história familiar que mostra a força de uma mulher para cuidar de sua família. Leiam!!

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Duologia O legado de Marta:
  1. A esperança de uma mãe (Her mother's hope)
  2. O sonho de uma filha (Her daughter's dream)
Avaliação (1 a 5):


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