O Cão da Morte – Agatha Christie

>>  sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

CHRISTIE, Agatha. O Cão da Morte. Rio de Janeiro: Editora HarperCollins Brasil, 2023. 272 p. Título original: The Hound of Death and Other Stories.

“O Cão da Morte” é o vigésimo primeiro livro do PROJETO AGATHA CHRISTIE. Foi publicado em 1933 no Reino Unido, mas não o foi nos Estados Unidos, somente aparecendo ali posteriormente. O livro é mais um exemplar de contos, a maioria deles com elementos sobrenaturais, afastando um pouco do gênero policial/detetive. O Projeto Agatha Christie é uma iniciativa do Blog Viagem Literária para reunir leitores fãs da autora e que desejam ler ou reler a sua obra, seguindo a ordem cronológica de lançamento dos livros. Lemos juntos um livro por mês e nesse período conversamos sobre nossas impressões e compartilhamos experiências. Ainda dá tempo de entrar, é só acessar as informações do Projeto no post de apresentação, que você encontra AQUI.

Até agora o Projeto Agatha Christie nos apresentou livros marcantes (como esquecer de O Assassinato de Roger Ackroyd?) e outros um pouco menos impactantes. Desses, os contos são os que menos se destacam, talvez com a exceção de Os Treze Problemas, salvo pelo carisma de Miss Marple. Fato é que com 21 livros lidos, o desânimo começa a tomar conta quando vejo um livro de contos na sequência. Deixo bem claro, não é uma aversão ao gênero em si (como vocês sabem, estou apaixonada pelos contos de Sherlock Holmes incrivelmente escritos por Conan Doyle), mas sim ao estilo da autora, que considero encaixar muito melhor na forma de romance policial. Pois bem, temos em “O Cão da Morte” mais um exemplar do gênero. Dessa vez, porém, eles fogem um pouco do padrão, flertando um pouco até mesmo com o sobrenatural, nos limites que uma publicação em 1933 consegue nos entregar. Foi um livro... interessante, diferente. Com altos e baixos. Vou falar aqui sobre alguns contos dos 12 presentes.

 1. O Cão da Morte
A história que dá nome ao livro é realmente a mais cuidadosa e elaborada dentre todas as demais. "O Cão da Morte" é uma história intrigante que acompanha William P. Ryan, um jornalista americano, e seu amigo Anstruther em uma visita à irmã deste último em Cornwall. Durante a estadia, eles descobrem que uma freira, Marie Angelique, sobrevivente de um evento misterioso durante a Primeira Guerra Mundial, está sendo estudada por um jovem médico local chamado Rose. À medida que Anstruther investiga mais sobre o passado da freira, ele se vê envolvido em uma trama complexa envolvendo poderes misteriosos, simbolismos religiosos e a busca de Rose por domínio sobre forças além do entendimento humano. À medida que a história se desenrola, segredos são revelados, culminando em eventos trágicos que deixam Anstruther questionando a natureza dos poderes da freira e os motivos sombrios do médico.

2. O Quarto Homem
O terceiro conto do livro, “O Quarto Homem” talvez seja o melhor do livro, e vale a menção aqui. Ele nos traz Canon Parfitt e Sir George Durand, que estão viajando de trem com o Dr. Campbell Clark e um misterioso quarto passageiro. Enquanto discutem o conceito de múltiplas almas habitando um corpo, o Dr. Clark relata o curioso caso de Felicie Bault, uma garota francesa que desenvolveu múltiplas personalidades após uma infância traumática. A conversa toma um rumo mais sombrio quando o quarto passageiro, Raoul Letardeau, compartilha sua experiência em primeira mão com Felicie e outra garota chamada Annette Ravel. O relato de Raoul revela uma complexa rede de manipulação, intimidação e turbulência psicológica que acaba por levar a consequências trágicas.
3. A Cigana
A quarta história do livro também merece uma menção, pois foi uma leitura fácil e que me agradou. Dickie Carpenter decide terminar seu noivado com Esther Lawes após uma série de encontros perturbadores que despertam medos baseados em superstições. Apesar de inicialmente rejeitar esses presságios, seus sonhos recorrentes e experiências da vida real com uma cigana deixam um impacto duradouro sobre ele. Quando a intuição de Dickie o alerta contra a realização de uma cirurgia de rotina, ele confia em Mcfarlane, buscando consolo e compreensão. A partir daí, os acontecimentos fazem Mcfarlane buscar respostas para satisfazer sua curiosidade. Mas existem respostas?

4. Testemunha de Acusação O sétimo conto do livro, ele é o motivo da minha empolgação para ler o livro. Já conhecia a história e seus desenvolvimentos, pois é um dos trabalhos da autora mais adaptados para outras mídias. O mestre do suspense no cinema, Alfred Hitchcock, dirigiu de maneira maestral a versão cinematográfica em 1957 e uma peça de teatro até hoje em cartaz em Londres. Inclusive, eu tive o prazer de assistir a peça, que se passa em um tribunal antigo no centro da cidade, acompanhando o julgamento de um homem acusado de assassinato. É uma das minhas memórias favoritas, e foi com muita empolgação que li o conto. 

O advogado Mayherne assume a defesa de Leonard Vole, acusado de assassinar a Srta. Emily French. Vole relata seu relacionamento com Miss French, afirmando inocência apesar de ser o principal beneficiário de seu testamento. A suspeita recai sobre Vole quando Janet Mackenzie, a empregada, relata ter ouvido vozes na noite do assassinato. O álibi de Vole, sua esposa Romaine, inicialmente corrobora sua história. Porém, a natureza do relacionamento de Vole com a esposa é questionada, e estratégias são elaboradas, tanto para a defesa quanto para a acusação. E o desfecho... surpreendente! 

Foi ótimo relembrar essa história, que me marcou de tal forma que lembrava todos os detalhes. Porém, devo confessar que preferi as adaptações para o cinema e teatro do que o conto em si.

5. O Mistério da Jarra Azul Outro conto que me agradou e vale a pena ser mencionado. A rotina de Jack Hartington em um hotel próximo a Stourton Heath é interrompida por gritos recorrentes de "Assassinato! Socorro! Assassinato!" Apesar de seus esforços, ele não encontra nenhuma evidência de crime. Lavington, um homem barbudo que observa o comportamento de Jack, sugere que fenômenos psíquicos podem estar em jogo e investiga a casa de onde os gritos se originam. Definitivamente vale a leitura.

No final, gostei de 5 contos dos 12 do livro, uma média não muito positiva. E é esse o problema que tenho com os livros do gênero: não há uma certa constância na qualidade das histórias, pelo menos a meu ver. Com isso, a nota será 2.5.

O próximo livro a ser resenhado, o 22º do Projeto, será aquele que talvez seja o mais famoso da autora, pelo sucesso das suas diversas adaptações. Vem aí “Assassinato no expresso do Oriente” e Hercule Poirot a bordo de um trem! Até mais!

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Avaliação (1 a 5): 2.5

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