Os bons suicidas - Toni Hill
>> segunda-feira, 12 de setembro de 2016
HILL, Toni. Os bons
suicidas. São Paulo: Editora Tordesilhas, 2014. 392p.
(Inspetor Héctor Salgado, v.2). Título original: Los Buenos suicidas.
“-
Naquela noite todos nós fizemos um acordo que, pelo menos por parte de alguns,
entre os quais me incluo, foi cumprido à risca. Parece que preciso lembrar que
até agora ninguém sabe de nada do que aconteceu naquele lugar. Sei que a
polícia encerrou o caso de Gaspar, e tenho certeza de que vão fazer a mesma
coisa com o de Sara, se nós não ficarmos nervosos.
-
Mas... – interveio Amanda – o que aconteceu com eles? Por que eles morreram?” p.173
Em O
verão das bonecas mortas ficamos conhecendo o Inspetor Salgado em um momento difícil de sua vida pessoal e de sua carreira. No segundo volume iremos acompanhar o
Inspetor em mais um caso misterioso e incomum. Hoje vou
falar de Os bons suicidas do
espanhol Toni Hill.
Essa resenha contém
spoilers se você não leu O verão das
bonecas mortas.
Depois de um tempo
suspenso, o inspetor Héctor Salgado está
de volta a ativa, mesmo passando por uma grande turbulência em sua vida
pessoal. Sua ex mulher, Ruth Valldura, continua
desaparecida e nada se sabe sobre seu paradeiro. Quase um ano se passou. Depois
de tanto tempo, a polícia espera que Ruth esteja morta. Com isso, seu filho de 14
anos, Guillermo, está morando de
novo com ele, que não sabe como agir. O fato do filho ser um adolescente calado e solitário, dificulta ainda mais o diálogo.
Leire Castro está de licença maternidade e extremamente entediada, apenas de repoucos aguardando a chegada do bebê. Insistiu em continuar trabalhando, mas a inspetora Martina Andreu não quis saber e a
afastou. Agora para matar todo o tempo livre, começa a investigar por conta
própria o desaparecimento de Ruth, tentando ver o caso por outro ângulo.
Héctor está proibido
de investigar esse caso, já seu novo caso, parece simples. Uma mulher pula na
linha do trem. Um simples suicídio. Sara
era a secretária geral do diretor de uma grande empresa de cosméticos, uma
moça solitária e sem amigos. Porém ela não parecia deprimida, e nada indicava
que quisesse se matar. Quando encontram uma foto grotesca e assustadora em seu celular, o caso
ganha novo impulso. A foto misteriosa mostra três cachorros enforcados em uma
árvore. Para ficar ainda mais estranho, Héctor descobre que outro colega de trabalho
de Sara havia se suicidado, após matar a esposa e a filha recém-nascida. Ele precisa desvendar um mistério que envolve oito funcionários, antes que mais
algum também resolva “se matar”.
“Seu
corpo lhe pede para agir, para reagir de algum modo físico a esse estímulo fixo
e imperturbável. Por isso, ainda de pé, fecha a janela da imagem e volta para a
caixa de mensagens. Redige um e-mail rápido e o direciona à conta pessoal de
cinco pessoas interessadas: Sílvia Alemany, César Calvo, Amanda Bonet, Manel
Caballero e o mais velho de todos, Octavi Pujades. Os que ainda continuam
vivos, pensa com frieza. Os que ainda podem se salvar.” p. 101
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Muito bom! Gostei mais
desse do que do primeiro, o mistério é mais interessante, com os "suicídios".
E também por já gostar dos personagens e torcer por eles. Apesar
de ter um fundo policial, lendo esse segundo volume, percebi que a série é
muito mais focada no romance/drama dos personagens do que na investigação em
si. Tanto que o livro está muito ligado ao primeiro. Os acontecimentos na vida
de cada um dos personagens mais importantes – Salgado, Leire, Guilhermo –
voltam com força total e roubam a cena. Ou seja, vocês não podem ler fora da ordem,
porque tudo que aconteceu no primeiro continua aqui. Como o desaparecimento de
Ruth, a gravidez indesejada de Leire, etc.
O autor desenvolve de
forma muito boa os novos personagens, logo o leitor se vê envolvido com todos da tal empresa, cheia de segredos, onde todo mudo está se suicidando rs, e fica
tentando desvendar o mistério. Acertei várias coisas, como a motivação, mas não
acertei o culpado. Tinha até algo que eu achei que era um grande furo (a morte
do primeiro funcionário ser dada como suicídio e ser outra coisa), no final não era um
furo e foi bem explicado.
O fato da vida pessoal dos
personagens ter mais importância do que a investigação, também tem um lado negativo (pelo menos para mim que sou fã de ficção policial). Acaba que o desenvolvimento
fica mais interessante que o final. No meio você fica empolgado, torcendo pela
investigação, tentando desvendar a charada, e no final, tudo acontece muito
rápido. Do nada o inspetor expõe sua teoria, alguém confessa, fim. Parece final
de Criminal Minds sabem? Porém, teve
uma revelação sobre o mistério de Ruth, que me deixou de queixo caído.
A capa de Os bons suicidas não ficou nem de perto
tão sinistra quanto a de O verão das
bonecas mortas, que é um arraso! Acho que ficaram temerosos de colocar três
cachorros enforcados na capa, os cachorros de cabeça para baixo tem a intenção de remeter a essa ideia.
Resumindo, é um
policial, mas o drama dos personagens rouba a cena e torna a investigação um
aspecto secundário na trama. Então
depende do gosto de cada leitor, o autor escreve bem. Gosto da sua
narrativa ágil e sem frescura. Eu estou apegada aos personagens e já ansiosa
para ler o próximo. Não sei se é uma trilogia ou se será uma série, conto
depois de ler Os amantes de Hiroshima.
Leiam!
Adicione ao seu Skoob!
Série Inspetor Héctor Salgado do Toni
Hill:
- O verão das bonecas mortas (El verano de los joguetes muertos)
- Os bons suicidas (Los Buenos suicidas)
- Os amantes de Hiroshima (Los amantes de Hiroshima).
Avaliação (1 a 5): 3.5
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