Anna Karênina – Leon Tolstoi
>> sexta-feira, 4 de novembro de 2022
TOLSTOI, Leon. Anna Karênina.
São Paulo: Martin Claret, 2019. 858p. Título original: Анна Каренина.
Temos a protagonista, Anna Arkadyevna, mulher que se casou com Alexei Alexandrovich Karenin, um homem vinte anos mais velho. Como rege as regras sociais e os bons costumes, ela obedientemente teve um filho e, assim, se estabeleceu em uma vida de eventos sociais e roupas extravagantes, com liberdade de preocupações financeiras. E talvez fosse assim para todo o sempre, se ela não tivesse conhecido o conde Alexei Kirillovich Vronsky, que a fez querer algo diferente, uma felicidade que ela nem sabia ser possível, e se sentiu em quase uma obrigação de buscar algo mais, uma outra vida.
Seu marido era apaixonado por ela, ou sentia uma possessão que pode ser confundida por amor (eu realmente não sei dizer ao certo o que), e todos que a conheciam, homens ou mulheres, eram marcados por sua presença. O fato é que esse relacionamento, talvez pela diferença de idade ou pela própria criação, não trazia uma vida a dois apaixonante e empolgante. E Anna sentia falta disso, algo que encontrou em seu amante. E descobriu uma força de viver por suas regras e de seu jeito que superava todas as outras forças internas, sejam elas sociais ou até mesmo maternais. E vamos navegando essa história de desafios, contravenções, intrigas sociais e decisões com muitos, mas muitos trens envolvidos.
Eu jamais esqueci Anna pois ela é inesquecível. Lembro de ler sentindo um ódio mortal por suas escolhas e decisões, a ponto de bufar em frustração por suas escolhas. E fiquei assim por um bom tempo: como ousa uma mulher voltar com sua palavra, abandonar tudo, não fazer o que se espera dela? Durante um bom tempo foi essa a sensação, a de entender os rumos do personagem e da história, mas sem necessariamente concordar com eles. Hoje eu entendo que o livro me marcou muito pela época em que o li, quando tomava decisões importantes sobre a minha própria vida, muitas vezes seguindo sempre o caminho do “é o certo e o que esperam de mim”. Então, talvez descontei na Anna uma indevida raiva por ela fazer algo que eu mesma não tinha a coragem de fazer. Eu ainda não tenho coragem de fazer diversas coisas que ela fez, algo tão profundo que não sei nem se essa ânsia surgiria em mim. Mas quem sou eu para criticar as decisões de uma personagem literária?
Anna Karênina talvez seja um dos melhores livros que já passou por minhas mãos. É uma obra que marca um momento importante em minha vida, com uma narrativa bem escrita e interessante, trazendo aspectos literários relevantes com talento e com muita coerência e bem desenhada. Além disso, é uma obra que desperta sentimentos em quem lê, uma das coisas mais importantes na minha opinião. Quem não se frustrou com a teimosia da personagem? Não se decepcionou com o tratamento desigual entre a mulher e o homem que escolhem abandonar a família? Se irritou com a diferença de tratamento entre os personagens masculinos e femininos? Teve um ranço básico do Lievin?
É um livro muito complexo e completo, e estou feliz por compartilhar essa história com vocês.
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