Diga aos lobos que estou em casa - Carol Rifka Brunt

>>  segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

BRUNT, Carol Rifka. Diga aos lobos que estou em casa. São Paulo: Editora Novo Conceito, 2014. 464p. Título original: Tell the Wolves I'm Home.

"O bilhete significa duas coisas. A primeira, a boa, era que Finn se importava. Que ele me amava o suficiente para garantir que Toby cuidasse de mim. Mas a segunda significava que o único motivo de Toby ter passado todo aquele tempo comigo era por causa de Finn. Porque Finn pedira a ele. Não tinha nada a ver comigo." p. 342

E saiu do limbo da estante (risos), mas um dos livros mais antigos que eu nunca tinha lido. Esse é um jovem adulto que aborda principalmente o luto na adolescência. Confiram o que achei de Diga aos lobos que estou em casa da Carol Rifka Brunt. 

EUA, 1987
June Elbus, tem 14 anos e sente que não se encaixa muito bem no mundo ao seu redor. Tímida, sem amigos próximos na escola, ela ama tudo o que é medieval e se isola no bosque perto de casa. Só uma única pessoa no mundo a compreende totalmente... essa pessoa é o seu tio, o renomado pintor Finn Weiss. Ela e a irmã mais velha, Greta, 16 anos, se distanciaram e a irmã parece odiá-la, embora June não entenda muito o porquê da relação delas, que foram melhores amigas na infância, ter mudado tanto.

Finn é seu tio, irmão de sua mãe, e também seu padrinho; Finn se tornou seu confidente e seu melhor amigo. E para piorar ela se sente estranhamente atraída por ele. Mesmo sabendo que é completamente nojento se "apaixonar" pelo próprio tio. E um tio gay, que por mais que tentem não falar sobre isso, está morrendo de AIDS. Nos últimos meses de vida, Finn passa os domingos em seu apartamento, pintando um quadro das duas irmãs, seu último quadro. Isso faz com que eles se vejam toda semana e June não quer pensar no quanto o tio está piorando a cada visita. 

Quando o tio morre, June fica completamente arrasada. Incompreendida pela família que menospreza a sua perda, julgada pela irmã, condenada pela mãe que chega a falar que ela que deveria estar destruída, afinal, foi ela e não June, que perdeu o irmão.

Porém, a morte de Finn traz uma surpresa para a vida de June, alguém que a ajudará a curar a sua dor e a reavaliar o que ela pensa saber sobre Finn, sobre sua família e sobre si mesma. No funeral, June observa um homem desconhecido que não tem coragem de se juntar aos familiares. Dias depois, ela recebe um pacote pelo correio. Dentro dele há um lindo bule que pertenceu a Finn e um bilhete de Toby, o namorado desconhecido de seu tio, pedindo uma oportunidade para encontrá-la. À medida que os dois se aproximam, June descobre que não é a única que tem saudades de Finn. 

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Por um lado, esse livro me cansou bastante. São mais de 400 páginas de uma pré-adolescente em luto, nada parece acontecer e deu preguiça. Por outro lado, a parte sobre o luto e a dor da perda de uma pessoa muito importante na vida de alguém tão novo, é triste demais, tocante e foi bem desenvolvido. Você sofre por Finn e sente muita pena de June, principalmente porque a AIDS foi uma doença que dizimou tanta gente, que além de sofrer dos sintomas, sofria com o medo, a discriminação e a falta de cuidado generalizado. 

O título foi algo que me intrigou desde o começo, e o significado dele é bem interessante. "Diga aos lobos que estou em casa" tem um significado profundo que está ligado ao luto, a aceitação dessa perda e a busca por pertencimento. Os "lobos" aqui nessa história representam a família da protagonista, que se torna um bando "hostil" após a morte de Finn, que ela tanto amava. A frase sugere que June, ao encontrar apoio no namorado de Finn, está na verdade se colocando em uma posição de desafio, disputando seu direito a esta perda e a esta nova amizade, independente da opinião dos seus familiares. 

Eu fiquei muito tocada pela história triste de Finn e Toby, acho que ia gostar muito mais se a narrativa se alternasse entre alguns personagens. June cansa um pouco, e no final fiquei com a sensação de que o livro poderia ter metade das páginas. O drama de Greta também fica esquecido no limbo, uma atriz talentosa já tão nova, que de repente está bebendo escondido, vive deprimida, com sintomas físicos de descuido e sempre triste, bêbada. E no final não abordam essa questão do álcool e tudo se resume a um certo ciúme da irmã e da perda da vida de criança, frente às decisões da vida adulta. 

Eu não curti tanto, mas acho que é um livro muito interessante para o público jovem.

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Avaliação (1 a 5):

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