Chá de sumiço - Marian Keyes

>>  terça-feira, 7 de janeiro de 2014

KEYES, Marian. Chá de sumiço. Rio de Janeiro: Editora Bertrand, 2013. 644p. (Família Walsh, v.5). Título original: The mystery of Mercy Close.

“Fui dominada pelo pensamento horrível de que pudesse ser minha culpa o fato de eu não ter nenhum amigo. Talvez, como disse Rachel, eu tivesse mesmo uma pecinha faltando. Por que será que eu não conseguia ser uma pessoa normal e ir à festa de reencontro da turma da escola? Em vez de sentir que seria mais agradável tacar gasolina no corpo e acender um fósforo? Só a ideia de brincar de ‘minha vida acabou sendo melhor que a sua’ com aquelas idiotas com quem estudei por cinco anos intermináveis já era insuportável para mim.” p. 161

A Família Walsh tem fãs fieis e que sofrem para esperar um novo livro da autora, para vocês terem ideia a própria autora diz em entrevista que demora em média 2 anos para publicar um livro, ao contrário de várias escritoras que lançam vários ao ano. Os livros são independentes, mas claro que quando você já conhece todo mundo fica tudo muito mais interessante! Hoje vou falar do esperado livro da irmã mais nova, Helen, com Chá de sumiço da Marian Keyes.

Helen Walsh sempre foi a maluquinha da família, ao contrário das suas irmãs mais velhas não sabia o que queria da vida; abandonou a faculdade, vivia mudando de emprego e não tinha relacionamentos duradouros. Depois de largar mais um emprego, ela resolve fazer um curso de detetive particular, e para sua surpresa, adora a profissão.

Sua carreira começou bem, Helen é muito boa no que faz. Mas com o tempo, uma crise depressiva, problemas pessoais e a grande crise econômica Irlandesa, seu trabalho como detetive particular praticamente parou. Como ela se recusava a pedir ajuda e a falar de seus problemas para qualquer pessoa, nem seu namorado sabia como as coisas iam mal.

Seus cartões de créditos estão todos estourados, precisou devolver as chaves do escritório e acabou perdendo seu apartamento. A solução, voltar a viver na casa dos pais. Ela não sabe em que pé anda seu namoro com Artie - divorciado e pai de três filhos-, sua prioridade é o trabalho.

Para piorar, Jay Parker está de volta. Seu ex-namorado nada confiável tem uma proposta de trabalho para Helen, e ela não está exatamente na posição de recusar. Ela precisa encontrar Wayne Diffney, o integrante esquisito da antiga banda Laddz. A banda foi muito famosa há anos atrás, e agora eles irão se reencontrar para grandes shows no país. E todo o dinheiro investido no show irá por água abaixo se Wayne não for encontrado.

Helen quer ficar bem longe de Jay e se concentrar no trabalho. Isso envolve ser arrastada para o mundo do estrelato, com todo o glamour e várias pessoas famosas e cheias de segredos. Enquanto isso, se sente cada vez mais perdida e concentra todas as suas forças no trabalho. Tenta não surtar e enfrentar outra grave crise depressiva.

“- Vá em frente – incentivei. – Diga alguma coisa. Ou, como as pessoas muito, muito chatas dizem: ‘Conte-me tudo sobre você.’
- O que você gostaria de saber?
- Ah, qual é? – Eu estava um pouco impaciente.  – Foi ideia sua nos conhecermos melhor. Para mim estava ótimo só transarmos.” p.283

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Não era nada do que eu esperava. E não digo que isso é ruim, eu só esperava uma historia completamente diferente. Nos outros livros da família (Melancia, Férias, Los Angeles, Tem alguém aí?) Helen sempre aparecia como a personagem maluquinha, sem juízo, alto astral e que tinha as melhores piadas. Qual não foi minha surpresa ao descobrir que Helen sofre de depressão e que comeu o pão que o diabo amassou com a doença, com seus constantes pensamentos suicidas e a falta de apoio de todos que ela conhecia e amava. Por sinal, não sei se vocês sabem, a autora sofre da mesma doença, por isso as vezes ela muito tempo sem conseguir escrever. Depressão é uma doença que poucos compreendem e a maioria das pessoas (como eu) subestimam, acham que a pessoa precisa pensar positivo, ter força de vontade e sair dessa, etc. Helen conta sobre a doença de uma forma tão aberta e tão crua que me chocou. Que me fez pensar muito sobre o assunto.

Acho que foi o que mais me surpreendeu no livro, tem seu lado engraçado já que Helen é completamente irônica e não pensa antes de falar, cada frase e cada situação que me divertiram muito. Mas o livro é um romance, muito mais do que um chick-lit. Tem todo aquele lado cômico e exagerado do estilo, mas ele passa tão mais do que isso, que não consigo vê-lo apenas como uma leitura divertida.

E o pior é que eu me identifiquei com a personagem, sou tão mal humorada para algumas coisas como ela rsrs. Pelo menos eu tenho uma vantagem, só penso as besteiras que ela fala... na maioria das vezes. :P

A parte investigativa do livro é 10! Eu adorei a busca toda pelo cantor perdido, a forma como Helen se identificou com ele e estava disposta a tudo para encontrá-lo, os desdobramentos do tal sumiço. A mamãe Walsh como sempre consegue umas pérolas ótimas. Achei que a autora deu zero destaque para as irmãs dos livros anteriores, a única que aparece um pouquinho mais é Claire. Inclusive, ainda não engoli como a autora joga o nome de um namorado para Anna e não explica nada... quem leu Tem alguém aí? vai entender. Tem também um mistério bobo que dura quase o livro todo, do fim da amizade de Helen com a Bronagh, no final a explicação é sem graça.

Sobre os personagens. Helen é fantástica, mesmo esperando uma mulher completamente diferente eu me apaixonei por ela. Agora já seu par romântico, não me conquistou. Sempre tem um romance neste livros e este foi o que menos me atraiu. Artie para mim é tão sem graça, fora que aquilo da ex mulher do cara toda amigável na casa dele o tempo todo era de lascar. E, sinceramente, não sou o tipo de garota (não me julguem) que gosta de um personagem masculino com três filhos, com 9, 13 e 16 anos #urticáriasódepensar. O ex namorado entra na jogada e tal, eu esperava um final diferente neste quesito, não gostei nem desgostei rs.

No final do livro a Editora publicou uma entrevista com a autora bem interessante. Marian diz que o cara desaparecido, Wayne, já tinha dado as caras em outro livros, e ela resolveu dar mais destaque ao personagem. Eu quebrei a cabeça até descobrir que ele apareceu rapidamente como coadjuvante em Sushi, Um bestseller para chamar de meu e A estrela mais brilhante do céu.  Outra curiosidade foi em relação ao título original, The mystery of Mercy Close, já que mudaram o título no Brasil. Mercy Close é a vila onde Wayne morava, com cada personagem maluco e situação estranha, uma comédia. Outra curiosidade que raparei rs; percebi que Helen não toma banho quase nunca - sintoma da depressão - e tem uma cena hot dela com o namorado que eu achei bem nojentinha, só conseguia pensar que ela não tinha tomado banho kkk.

Me estendi demais, mas a historia tem muitos desdobramentos e sei que os fãs da autora vão entender. Não está entre meus preferidos da autora, mas eu adorei a leitura. É um livro mais maduro, uma historia com mais conteúdo e que não deixa de surpreender. Leiam!

Coleção Família Walsh por Marian Keyes

  1. Melancia (Watermelon) - Claire
  2. Férias (Rachel’s Holiday) - Rachel
  3. Los Angeles (Angels) – Margareth
  4. Tem alguém aí? (Anybody out there?) – Anna
  5. Chá de sumiço (The mystery of Mercy Close) - Helen
  6. Mamãe Walsh: Pequeno dicionário da família Walsh (Mammy Walsh's A-Z of  the Walsh Family) 
Avaliação (1 a 5):

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