Viagem Literária: Segredos de um pecador

HUNTER, Madeline. Segredos de um pecador. São Paulo: Editora Arqueiro, 2015. 240p. (Os Rothwells, v.4). Título original: The sins of Lord Easterbrook.

“-Posso não saber o que se passa em sua mente, mas sei o bastante e prefiro a perdição a fingir o contrário. Sei que você também me procurava. Sei que o desejo nos une com tanta força a ponto de afetar todas as palavras, todos os movimentos e até mesmo o ar que respiramos. Sei que fiquei feliz por aquele idiota arrogante não ter ficado com você. E sei que o único pecado que cometi com você em Macau foi não toma-la quando tive chance.” p.46

Com Segredos de um pecador chega ao fim mais uma série de romances de época, Os Rothwells, da americana Madeline Hunter. O último volume vai contar a história do personagem mais poderoso e misterioso, o marquês de Easterbrook.

A série é independente e a resenha não contém spoilers sobre os volumes anteriores, caso queira, confira as resenhas de As regras da sedução, Lições do desejo e Jogos do prazer.

Leona Montgomery tem sangue inglês por parte de pai, português por parte da mãe, e foi criada na China. Seu pai era um importante comerciante em Macau, até que vários problemas com o negócio acabaram com seu frágil coração. O pai morreu deixando os dois filhos em uma difícil situação financeira. Sem ter opções, Leona assumiu os negócios da família. Ela viajou, conheceu outras terras e costumes diferentes, se tornando uma mulher à frente de sua época. Agora representando a Montgomery & Tavares, viaja para a Inglaterra. Deixa seu irmão, agora um pouco mais velho, cuidado dos negócios da família. Em Londres ela precisa firmar novas parcerias, que garantam a sobrevivência da empresa. Mas mais do que isso, ela precisa investigar pessoas importantes, homens que prejudicaram seu pai propositalmente para que ele ficasse calado.

Além dos negócios, ela tem esperança de reencontrar em Londres, Edmund, um rapaz inglês que passou algum tempo como hospede de seu pai, alguém com quem trocou beijos roubados em noites quentes, alguém por quem ela se apaixonou.

Logo ao chegar, descobre que Edmund é na verdade Christian Rothwell, ninguém menos que o marquês de Easterbrook. Um homem fechado, sombrio, poderoso e muito solitário. Diferente do rapaz que ela conhecera, que lidava com seus demônios, mas era apenas um garoto. Além da enorme atração que sente por ele, teme que a família de Christian esteja interessada em seu silêncio, e no fim da investigação relacionada ao seu pai. Entre a cama do marquês e muita investigação, o que seria uma breve viagem, se torna algo mais.

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O melhor da série é o fato de serem “apenas” quatro livros rsrs, brincadeira! Para mim o mais aguardado, o marquês é o melhor personagem desde o primeiro. Sua excentricidade, a forma como ele demonstra seu poder e é rigoroso com os dois irmãos, e ao mesmo tempo, acaba se derretendo e apoiando as escolhas dos dois. Ele é duro, mas é justo. Vive praticamente como recluso, e raramente tem animo para receber alguma visita, familiar ou não. E quando se dá ao trabalho, dificilmente tira seu robe e seus chinelos. Tem uma beleza sombria, consegue incendiar o ambiente apenas como um olhar. Só este livro vale a série toda rs.

Quem liga para a mocinha? Ok, a Leona é legal. Diferente das mulheres da sociedade, por vir de um país distante e ter viajado meio mundo, seus costumes são outros. Ela é decidida, inteligente e muito teimosa. Claro que ela fica chocada ao encontrar sua antiga paixonite, que além de ter mentido para ela e sua família, é um homem importante e poderoso.

Repleto de conspirações, investigações e alguns perigos, o enredo é muito rico. A autora explora o comercio ilegal de ópio da China para a Inglaterra através da rota marítima, fala do estrago que a droga é capaz de fazer em pouco tempo, as vezes, uma viagem sem volta. Leona quer desmascarar nobre poderosos, acusa-los de traficar ópio para o país, Christian sabe do perigo que a moça corre e quer protege-la.

Paralelamente foi uma delicia reencontrar os protagonistas dos livros anteriores. Achei o final bem corrido, uma das cenas mais interessantes não é narrada, um duelo! Apesar disso tem um epílogo fofo, onde vemos alguns dos casais, filhos e tal.

A autora escreve muito bem, o enfoque histórico é muito mais realista do que outras séries do estilo. Por seguir a risca as regras sociais da época, perde-se em humor, característica presente nos Bridgertons e nos Hathaways. Para quem gosta do estilo vale muito a pena conhecer, leiam!

Adicione ao seu Skoob!

Série Os Rothwell’s da Madeline Hunter:

In: http://www.madelinehunter.com