Top 10: Os dez melhores livros de 2022 da Alice

>>  sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

 


Eu definitivamente não posso reclamar do ano de 2022. Meu primeiro post do ano é escrito diretamente da cidade de Edimburgo, a capital da Escócia, onde estudo um mestrado. Recapitulando o ano que passou, vejo o quanto preparei para este momento, como toda a primeira metade do meu 2022 foi de muita angústia e espera, para a segunda metade do ano ser a de realização de um sonho antigo. Nem tudo são flores, pois esse sonho veio com muitos perrengues e outro tipo de ansiedade que eu nem cheguei a pensar sobre. Por exemplo, na aba ao lado desta está um trabalho incompleto que tenho que entregar dentro de 7 dias e não está nem próximo de sua completude. Nem tudo são flores e não sou eu que vou romantizar a experiência de cursar um mestrado em outro país. O que eu romantizo é a minha conquista de chegar até aqui. E digo com toda certeza de que, em 2022 os livros foram a minha sanidade em meio a tantas dúvidas.
 
Eu lembro perfeitamente da minha virada do ano 2021 para 2022. Estava de pijama, na cama, olhando para o teto, pedindo para não estar assim no próximo ano. Para estar em outro lugar, com a agenda cheia, com uma sensação de evolução. Eu tive isso esse ano, mas foi muito difícil. Pensei em desistir mais vezes do que posso admitir, e achava não ser forte o bastante para todo um processo que para mim começou ainda em 2020. Mas eu segui forte, e com livros para me fazer viajar, chorar, pensar, conversar, planejar, sorrir. E a quantidade de livros lidos refletiu a importância que dei à atividade, com exatamente 100 livros lidos! Sim, pela primeira vez ultrapassei a Nanda, e tenho certeza de que isso jamais voltará a acontecer!
 
Não vou entrar em detalhe de quais os livros, ou esse post não terá fim. Mas como eu gosto de uma boa estatística, aqui vão alguns números:
 
Foram 60 livros de autores brasileiros, 23 livros de autores britânicos, 6 livros de autores estadunidenses, 4 livros de autores russos, 2 livros de autores irlandeses e um livro de cada uma dessas nacionalidade: Portugal, Noruega, Moçambique, Israel e Espanha
 
2022 foi o ano que saí (temporariamente) do Brasil, mas foi o ano que redescobri a literatura brasileira. Algumas dessas leituras entraram no top 10 e com louvores, em um novo relacionamento que espero manter no futuro.
 
Infelizmente 2023 não será um ano de 3 dígitos lidos, por causa das obrigações do mestrado. Mas continuarei me dedicando ao Projeto Agatha Christie (que vocês conferem AQUI) e, na medida do possível, alguns autores escoceses. Para mim, o ato de ler é um ato de viver, de recordar. E quero aproveitar essa ocasião para aprender ainda mais sobre a literatura local, antes de voltar à minha linda literatura brasileira!
 
O Top 10 ficou uma lista plural, e de livros queridos. As notas são altas, acima da média para meus critérios. Temos simplesmente 5 títulos nota 5 e outros 2 nota 4,5. Quem diria? Bem, essas foram as minhas leituras favoritas de 2022 e que fortemente recomendo, já na esperança de outras leituras especiais para 2023!
 
10. Triste Fim de Policarpo Quaresma – Lima Barreto

Resenha disponível AQUI
 
O décimo lugar da lista vem abrir os trabalhos representando a literatura clássica brasileira. Triste Fim de Policarpo Quaresma, a obra do brasileiríssimo Lima Barreto, foi a 16a leitura coletiva do blog. Foi muito agradável ler esse livro junto com vocês, uma leitura fácil e fluida que jamais deixa de se conectar com o leitor. É um livro de rir, chorar, passar raiva, sentir-se frustrada, aprender e refletir. Engraçado que na verdade essa foi uma releitura para mim, num raro caso onde a nota do livro cresceu. A Alice de 2022 conseguiu aproveitar bastante uma leitura riquíssima e reconhecer todos os dotes literários do autor que trouxe muito de si ao retratar o protagonista não compreendido com muito amor à pátria. Um clássico redescoberto por mim que definitivamente é obra obrigatória nas estantes dos leitores brasileiros.
 
9. A Tempestade – William Shakespeare

Resenha disponível AQUI
 
O nono lugar da lista foi para outro clássico, dessa vez um título da literatura mundial. A Tempestade, do inglês William Shakespeare foi talvez o livro que mais me fez estudar. Eu li, reli, escutei podcasts, pensei, li novamente, fui atrás de resenhas e conversas com outras pessoas. É uma história que faz você querer entender todos os significados e relações possíveis, e eu simplesmente adoro me sentir intrigada dessa maneira. A peça, uma das últimas do autor e tida por muitos como a sua mais completa, conta a história de Próspero, que mora numa ilha com sua filha Miranda e dois “espíritos” (é difícil explicar o que são). Um dia, um navio carregando inimigos de Próspero se aproxima da ilha quando voltando da África, e encalha após ser pego por uma tempestade orquestrada por artifícios mágicos. A partir daí é só diversão para o leitor/espectador, nesse livro que só me fez querer explorar ainda mais o
fantástico mundinho shakespeariano.
 
8. A Biblioteca da Meia-Noite – Matt Haig

Resenha disponível AQUI
 
Matt Haig abocanhou o oitavo lugar da lista com seu best seller A Biblioteca da Meia Noite, esse livro que entrou na minha vida como quem não quer nada e foi uma grata surpresa. Para mim, foi um caso de “o livro certo na hora certa”, uma leitura que eu precisava e nem sabia disso. Pois bem, contando a história de Nora, uma mulher que desistiu da vida, mas é presenteada com a oportunidade de vivenciar diversas versões de si mesma em uma Biblioteca numa espécie de limbo, o autor entrega um livro simples, de leitura fácil e que agrada um público bem amplo.
 
 
7. Memórias de Sherlock Holmes – Arthur Conan Doyle

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A partir daqui a briga foi feia e as colocações decididas por detalhe. Foi uma lista difícil de se classificar, e muito foi com base em como o livro sobreviveu ao tempo e o que sinto sobre ele neste momento. Assim, “Memórias de Sherlock Holmes”, do escocês de Edimburgo Arthur Conan Doyle, ficou com a sétima colocação. No top 10 de 2021 o autor também esteve representado, e não posso falar coisas boas suficientes sobre seus dotes como autor de contos. Esse livro foi originalmente escrito como o último do mais famoso detetive da literatura, mas seu sucesso foi tão grande que o autor não resistiu e teve que continuar. Memórias tem contos fantásticos e outros não muito bons, que na verdade não envelheceram muito bem. Mas a grande maioria entrega um enredo de invejar, com soluções incríveis e astutas que satisfazem todos os fãs do personagem. Continuarei a ler e resenhar os livros de Holmes, mas tenho a sensação de que nenhum outro será o que “As Aventuras de Sherlock Holmes” (número 4 da lista de 2021) e, especialmente, “Memórias de Sherlock Holmes” foram para mim.
 
6. Sangue Revolto – Robert Galbraith

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O livro favorito da Nanda também entrou na minha lista, e foi formidável. Apesar de ser um calhamaço, é impossível parar a leitura. Foi o livro que mais devorei, e tudo por conta de um enredo bem pensado, desenvoltura na escrita e personagens que cativam de um jeito singelo e discreto, porém certeiro. Cormoran Strike é um detetive que certamente não será um Poirot ou um Holmes nos anais da história, mas quis o destino que “Sangue Revolto” ocupasse a sexta posição da minha lista, ao lado de livros dos dois detetives que aqui o comparo. De longe o meu livro favorito de uma série já bastante solidificada, demorei um pouco a fazer a sua leitura, e digo que valeu a espera. Ao investigar um caso antigo, vamos conhecendo um pouco mais da dinâmica Robin-Strike e talvez fazer planos para futuras aventuras. O próximo livro da série já foi lançado e está na minha lista de leituras desejadas. Mal posso esperar.
 
5. Tudo É Rio – Carla Madeira

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A quinta posição ficou com o meu livro nacional favorito do ano, “Tudo é Rio”, de Carla Madeira. Foi um livro simbólico, lido nas férias de janeiro nas margens de um rio no sul de Sergipe. Uma bela coincidência do título com o cenário, talvez uma inspiração para algumas reflexões e significados. Mas o livro se sustenta sozinho, sem metáforas, sem discussões: uma leitura viciante e irresistível. Uma narrativa de ritmo rápido, honesta, corajosa e agressiva, temos a história de Lucy, Venâncio e Dalva. O livro é tão envolvente que desconecta qualquer cenário paradisíaco, mesmo literalmente um rio, quem diria. Foi excelente mergulhar em uma leitura a ponto de esquecer de tudo. Também li outro livro da autora, Véspera, também uma leitura única e cativante. Mas foram as águas de “Tudo É Rio” que entram nessa lista.
 
4. O Assassinato de Roger Ackroyd – Agatha Christie

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O grande representante do Projeto Agatha Christie dessa lista, “O Assassinato de Roger Ackroyd” definitivamente é o meu favorito da autora até o momento. Ao contar a história da misteriosa e improvável morte do rico Roger Ackroyd, um dos mais notórios moradores de King’s Abbott, na Inglaterra, a autora leva Poirot ao limite da sua astúcia, ao mesmo tempo que prova de vez por todas como é uma autora talentosa. A história é tão envolvente e divertida que faz o leitor confrontar sentimentos contraditórios: ao mesmo tempo que aceleramos para saber o que acontece, ficamos triste com a perspectiva do fim de uma leitura prazerosa. A construção do enredo é fantástica, os personagens são bem pensados e a trama segue uma lógica com tempo e execução espetaculares. Uma masterclass de ficção policial e um livro que não canso de indicar.
 
3. Devoradores de Estrelas – Andy Weir

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Definitivamente o livro que mais me surpreendeu em 2022, “Devoradores de Estrelas”, do autor estadunidense Andy Weir, foi de longe o que mais me divertiu. O quanto eu amei esse livro não está no papel: sua leitura me fez relembrar a sensação de ser uma criança encantada com os segredos do universo e o mundo da ciência, ao mesmo tempo que entrega doses quase cinematográficas de aventura. Temos a história de Ryland Grace, que um dia acorda em um lugar estranho. Sua memória está completamente afetada e ele não lembra quem é, o que faz e onde está, e aos poucos vamos descobrindo o que está acontecendo. E o desenrolar da história é surpreendente, divertido, envolvente. Um livro que me deixou triste por terminar, queria que fosse infinito e eterno. Certamente lerei outro livro de Weir em 2023, pois agora definitivamente sou uma fã do gênero ficção científica!
 
2. Matilda – Roald Dahl

Resenha ainda não disponível
 
Matilda foi uma releitura, se considerarmos as memórias de uma pequena menina curiosa e excêntrica. A personagem sempre foi incrível aos meus olhos: rebelde, geniosa, injustiçada e que eventualmente consegue sua vingança contra seu mundinho que não é bom o bastante para todos seus talentos. Tudo isso com uma linguagem limpa e linda de um livro infanto juvenil. Outro caso do “livro certo na hora certa”, procurei Matilda atrás de inspiração e inspiração encontrei. Ela foi uma brisa fresca em um momento de sufocamento, quando eu talvez não encontrasse uma solução ou forças para buscar alternativas. Matilda me fez lembrar das minhas origens no momento certo, me fez reconectar com a menina excêntrica e geniosa que sempre fui e ter muito orgulho disso. Matilda me deu força, e jamais esquecerei essa leitura.
 
1. A História de Shuggie Bain – Douglas Stuart

Resenha disponível AQUI
 
E quis a história que o primeiro livro que li em 2022 fosse o melhor do ano. Na resenha de “A História de Shuggie Bain”, do autor escocês Douglas Stuart, eu disse que “foi o primeiro livro que li em 2022 e já ouso dizer que talvez ele tenha me estragado para todos os outros que virão ao longo deste ano”. Eu estava certa: nenhum livro chegou aos pés do que Shuggie Bain foi para mim. Um soco no estômago que me deixou atônita, um drama despretensioso e sincero. Um incrível talento para a escrita de cair o queixo. Quis o destino que eu começasse o ano lendo sobre a Escócia, para terminar o ano vivendo a Escócia. E agradeço ao Shuggie por isso.
 
Obrigada a todos e todas por me acompanhar durante esse ano e até breve com mais resenhas e histórias para contar, na medida do possível!
 
Feliz 2023 e boas leituras

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