O prisioneiro do céu - Carlos Ruiz Zafón
>> terça-feira, 24 de julho de 2012
ZAFÓN,
Carlos Ruiz. O prisioneiro do céu.
Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2012. 249p. Título original: El prisioneiro del
cielo.
“Naquele dia, ao ver meu amigo beijar a mulher que
amava, passou pela minha cabeça que aquele momento, aquele instante roubado ao
tempo e a Deus, valia todos os dias de miséria que nos levaram até ali e outros
tantos que com certeza ainda nos esperavam ao regressar à vida.” p.242
Já
faz alguns anos que eu li A
sombra do vento, primeiro livro do autor lançado no Brasil, e me apaixonei
pela escrita do espanhol Carlos Ruiz Zafón. O autor entrou no meu rol de
favoritos e eu estava ansiosa quando li sobre a continuação do livro. E o hoje
vou falar sobre O prisioneiro do céu,
que trás de volta a magia do Cemitério dos livros esquecidos.
No
primeiro livro ficamos conhecendo a família Sempere, dona de uma livraria local
na Barcelona de 1945. O pai, amante dos livros, apresenta a ao filho Daniel o cemitério dos livros esquecidos, um lugar que mantém viva a memória e que garante
que um livro nunca desapareça, permanecendo vivo na mente de quem ler. Alguns anos
depois Daniel se interessa por um livro do autor Julian Carax, e pesquisando,
acaba por descobrir que alguém está destruindo toda a obra do autor. Ele resolve desvendar este
mistério e acaba pondo em perigo sua vida e daqueles que ama. Daniel se apaixona,
descobre a verdade e ganha um grande amigo.
Contém
spoilers para quem não leu A sombra do vento, resenha AQUI.
O
cenário agora é a Barcelona de 1957, um ano se passou desde os acontecimentos
que quase tiraram a vida de Daniel
Sempere. Agora ele está casado com Bea,
eles têm um filho – Julian, e moram em cima da livraria Sempere e filhos. Seu melhor amigo Fermín Romero de Torres ainda trabalha com eles e está organizando
os preparativos para seu casamento com
Bernarda.
A
livraria precisa urgentemente melhorar as vendas, ou seriam obrigados a fechar.
Em uma manhã um homem estranho entra na livraria, compra uma das edições mais
raras em exposição e deixa o livro na loja, um presente para Fermín. O homem
deixa uma estranha dedicatória, e ao receber o presente Fermín mal consegue esconder o desespero. Daniel, que não aprendeu nada continua adorando um bom mistério,
resolve investigar o que está acontecendo.
“Para Fermín Romero de Torres, que retornou
De entre os mortos e tem a chave do futuro. 13”
Daniel
começa a investigar, tenta descobrir quem é aquele velho estranho, enquanto
Fermín resolve lhe contar a verdade. Uma verdade que leva ao passado, um tempo
de prisões, torturas e traições. Um inimigo mortal está de volta e Daniel
descobre uma chocante verdade.
~~~~~
Não
sei se foi a minha alta expectativa, já que A
sombra do vento é um dos meus livros favoritos, mas esperava mais emoção
durante a leitura. O prisioneiro do céu
começa um ano após o final do primeiro livro e o mais legal é rever nossos
personagens favoritos e descobrir como eles estão. Um fator bem diferente de O jogo do anjo, que tem alguns
personagens em comum, mas que embora tenha sido lançado depois de A sombra do
vento, sua historia se passa bem antes. Neste ponto eu adorei o livro, foi
muito bom rever Daniel e saber de seu
futuro, melhor ainda é saber que no final o autor deixa claro que teremos mais
um livro na série.
Acredito
que o fato do autor ter deixado a grande descoberta desta historia para um
livro posterior tem tirado boa parte da aventura. O livro ficou focado no dia a
dia dos personagens, mas nada muito emocionante acontece. A verdadeira historia é
a que Fermín conta, seu passado como prisioneiro de guerra, as torturas e as
condições miseráveis em que eram tratados. A narrativa do passado acaba se
tornando mais interessante e é a melhor parte do livro.
Ao ler O prisioneiro do céu não senti a emoção do primeiro, não vi as frases poéticas que me levavam as
lágrimas, o texto rico e questionador de Zafón. Aqui o foco é nas descobertas de
Daniel, senti falta também do mistério, suspense e corrida pela verdade da
primeira aventura.
Agora
deixando de comparar os dois livros, esta historia tem muita coisa legal. A
historia de Fermín por si só vale a pena ser lida, a grande amizade entre ele e
Daniel é cativante. O livro cumpre também seu papel ao desvendar vários
mistérios pouco desenvolvidos anteriormente, como a historia de Isabella, mãe
de Daniel.
Os
livros deverão ser lidos na ordem, não faz sentido começar por este livro,
perde-se em enredo e no conhecimento dos personagens. Fora que o leitor não vai
entender metade do que se passa sem o primeiro livro. Já O jogo do anjo se
passa antes e por isso não é obrigatória sua leitura, eu já li e gostei, mas
infelizmente não tem resenha aqui no blog. O legal de O jogo do anjo é que
conhecemos mais da historia do Cemitério dos livros esquecidos e do avô de
Daniel. Eu fico agora ansiosa pelo terceiro livro, espero que tenha mais
mistérios e mais emoção do que este.
O
prisioneiro do céu não é tudo aquilo que eu esperava, mas mesmo assim é um livro muito bom e que vale a pena ser apreciado. Leiam!
De
Carlos Ruiz Zafon – Cemitério dos livros esquecidos
- A sombra do vento (La sombra Del viento)
- O prisioneiro do céu (El prisioneiro Del cielo)
Interligado:
O jogo do anjo (El juego Del Angel)
Avaliação
(1 a 5):