Viagem Literária: O jardim de ossos

GERRITSEN, Tess. O jardim de ossos. Rio de Janeiro: Editora Record, 2009. 447p. (Medical Thrillers, v.5). Título original: The bone garden.

"Aconteceu no outono de 1830. Se você vier ao Maine, Srta. Hamill, poderá ler os documentos sobre o estranho caso de Oliver Wendell Holmes e o Estripador de West End." p. 74

Eu amo a Tess Gerritsen, uma das minhas autoras de ficção policial favoritas. Essa série é composta de livros individuais, na verdade, a única coisa em comum é que a maioria dos livros envolvem algum mistério científico ou é protagonizado por um médico. Mas de toda forma, cheguei ao final da série, confiram o que achei do 5º volume com O jardim de ossos!

Julia Hamill comprou uma antiga propriedade nos arredores de Londres e pretende fazer a reforma sozinha. Após seu divórcio, está tentando recomeçar sua vida e encontra algum objetivo nela. O terreno é enorme, mas a casa é bem antiga e precisa de muito trabalho. Ao começar a trabalhar no jardim, Julia desenterra um crânio humano e fica muito assustada.

Depois de chamar a polícia, com a ajuda da legista Maura Isles, ela descobre que o corpo pertencia a uma jovem mulher que morreu há muitos anos atrás, no século XIX. Intrigada, Julia tem acesso a documentos antigos da falecida dona da casa, e começa a investigar para descobrir quem estaria enterrada ali.

Londres, 1830

Norris Marshall é um jovem de origem humilde, mas que conseguiu entrar para a faculdade de medicina. Ele se esforça muito em seus estudos, mesmo vivendo em situação bem humilde. E para complementar sua pouca renda, acaba se envolvendo em um negócio grotesco e perigoso.

Naquela época era comum pessoas desenterrarem corpos recém enterrados, para vendê-los para pesquisa nas faculdades de medicina. E Norris recebe algum dinheiro assim, ajudando um homem pouco confiável nesta tarefa desagradável e pouco honrosa.

No hospital, Norris conhece a imigrante irlandesa Rose. Ela está no hospital acompanhando sua irmã, Aurnia, que está internada para dar à luz ao seu primeiro filho. Rose vê diariamente muitas mulheres morrendo no parto, e teme que sua irmã possa ser uma delas. Aurnia está cada vez mais fraca, e a medicina da época podia fazer muito pouco para ajudar. O marido da moça é alfaiate, tem melhores condições que elas, mas pouco se importa com a esposa, com quem se casou porque ela esperava um bebê.

Quando duas enfermeiras do mesmo hospital, são assassinadas de forma muito violenta, logo os jornais todos falam do Estripador de West End, um serial killer estava a solta na cidade. E por acaso e muito azar, Norris acaba se tornando o principal suspeito da polícia. Na companhia do amigo, Oliver, e de Rose, Norris parte em busca do homem mais perigoso de Boston, a fim de provar a própria inocência.

A partir daí, as duas histórias se desenvolvem de forma paralela, mantendo a curiosidade do leitor até a última página.

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Tess escreve bem demais, sou muito fã da autora. Dito isto, adorei o enredo, a narrativa e a tensão que permeia toda a parte do livro em que se passa no passado. Mas não amei a leitura como esperava.

O enredo é muito interessante e bem escrito, adorei a ambientação da Londres pobre do século XIX e gostei muito da construção da história. Ela se alterna entre passado e presente, mas o fogo maior é na história do passado.

Começando pelos personagens, eu amei Norris, Rose e todo o núcleo do passado. A premissa é intrigante e a forma como são todos tão sem recursos e indefesos é muito comovente, eu torci muito por eles. Norris é um rapaz muito bom, de origem humilde e muito inteligente. Assim como Rose, que logo percebe a ligação entre os assassinatos e sua sobrinha recém nascida, que decide proteger de toda forma que puder. Impossível acertar o final dessa história, achei mais um drama do que um suspense no fim.

Já a história do presente deixou bastante a desejar. Gostei de Julia, mas achei tudo muito mal desenvolvido. Não fala nada sobre a sua vida presente, sua carreira, o que ela faz para ter dinheiro, nada é muito mencionado. E até o porquê dela largar tudo e viajar para o Maine, para ajudar um senhor de mais de 90 anos a pesquisar sobre este passado é bem incongruente. O final dela foi interessante, mas muito corrido, queria bem mais deste final.

[ALERTA DE SPOILERS] No final, tudo foi realmente por causa de Meggie, a recém nascida, sobrinha de Rose. Ela não era filha do tal alfaiate (o que eu já esperava) e sim de um médico rico, solteiro e sem filhos. E a sua irmã, mãe do único sobrinho do médico (estudante de medicina e amigo de Norris), que mata as duas enfermeiras, um médico e tenta matar Rose, tudo para chegar até o bebê e matá-la. A irmã queria impedir que outra pessoa além de seu filho, tivesse direito a herança da família. Até aí foi fantástico. Mas no confronto final, Norris morreu de um jeito tão bobo, fiquei inconsolável. Outra questão, isso eu desconfiei, é que Norris também era filho bastardo deste médico, e sua irmã mata a mãe do rapaz para esconder esse segredo (Norris passa a vida toda acreditando que a mãe abandonou ele e o pai, e fugiu com um homem para Paris). E no presente Julia e o médico (Meggie foi antepassada dele) terminam juntos, mas esta parte foi bem corrida e sem graça. [FIM DOS SPOILERS]

Bom, faltou algo para eu amar, mas eu adorei a leitura e achei a trama toda muito interessante. Leiam, Tess arrasa sempre!

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Coleção Medical Thrillers da Tess Gerritsen:

In: http://www.tessgerritsen.com