As heroínas - Kristin Hannah
>> segunda-feira, 2 de junho de 2025
HANNAH, Kristin. As heroínas. São Paulo: Editora Arqueiro, 2024. 416p. Título original: The Women.
"Os Estados Unidos estavam perdendo a guerra. Tal fato já era óbvio para todo mundo, exceto para o presidente Nixon, que continuava mentindo para o povo e enviando soldados, muitos dos quais voltavam para casa dentro de sacos.
Cada uma das mulheres respondeu de maneira diferente à crescente onda de violência que arrasava o país, separando os jovens dos velhos, os ricos dos pobres, os conservadores dos liberais." p.252
Eu amo a narrativa da Kristin Hannah, seus lançamentos vão sempre para os meus tops desejados! Seu novo livro no Brasil é a esperada mistura de romance e drama, e fala sobre a polêmica Guerra do Vietnã, confiram o que achei de As heroínas.
Califórnia e Vietnã, 1966
Francis McGrath, 20 anos, é uma jovem americana privilegiada, criada por pais com boas condições financeiras, cresceu se preparando para ser mãe e esposa. Ela cursou a faculdade de enfermagem com o objetivo de continuar estudando, sem nenhuma pretensão. Até que o irmão e seu melhor amigo, Finley, se alista e vai servir no Vietnã.
Servir ao país é uma tradição familiar, seu pai tem uma parede com fotos de vários familiares que serviram como soldados. Seu pai não pode servir e foi dispensado quando era jovem, agora, olha com orgulho o filho partindo. Na festa de despedida do irmão, Francis conhece Ryw Walsh, que lhe diz algo que nunca vai esquecer: Mulheres também podem ser heroínas.
Querendo deixar o pai orgulhoso e partir atrás do irmão, Frankie se inscreve no Corpo de Enfermagem do Exército, e quase sem nenhum treinamento, é enviada para o Vietnã. Inexperiente e assustada com o horror da guerra, ela logo faz amizade com duas outras enfermeiras e começa a aprender a fazer bem o seu trabalho. Ethel Flint era da Virgínia e trabalhava na emergência do hospital, ela sonha em voltar para casa e estudar veterinária. Barb Johnson era da Geórgia e trabalhava como enfermeira cirúrgica, ambas já eram experientes e ajudaram Frankie a se adaptar.
Ela serviu com honra, se tornou uma enfermeira experiente e esperava voltar para casa e deixar os pais orgulhosos.
Califórnia 1969
Ao voltar para casa Frankie luta para recomeçar. Ao contrário do que pensava, o país odeia aquela guerra e todos os envolvidos. Ela é apontada, xingada, humilhada na rua por ser um soldado. Seus pais inventaram que ela tinha ido estudar na Europa por dois anos, ninguém sabia onde ela estava e o que realmente fez neste período.
Lutando para se adaptar e provar que seu trabalho foi importante, Frankie precisa lidar com seus próprios demônios e criar um futuro onde possa ser feliz.
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Kristin nunca decepciona! Esse não foi um dos meus favoritos da autora, porque não gostei do final, mas a narrativa continua tão boa como sempre. A parte histórica é muito bem construída, o desenvolvimento dos personagens excelentes e a leitura prende até o final.
Amei Frankie, uma moça inexperiente que se torna uma mulher forte disposta a tudo para salvar algumas vidas no meio de tantas tragédias. Frankie tem seu coração partido, sofre para se recuperar dos traumas da guerra e acaba se afastando mais e mais de um final feliz. Sua luta pela superação foi comovente. Adorei a amizade das três, Ethel e Barb também ótimas personagens, uma pena a narrativa não se alternar entre elas. Jamie, um médico que fica muito próximo de Frankie, mas que é casado, também foi outro personagem que amei. E Rys, o soldado lindo e charmoso, que eu amei odiar. Já os pais de Frankie me irritaram quase o livro todo.
Muito triste ver tanta gente morrendo em uma guerra tão desnecessária. O EUA alegava que iria "acabar com o comunismo no mundo" e levou milhares de jovens para a morte por uma causa perdida. Eles mentiam sobre as informações do Vietnã, escondiam que estavam perdendo a guerra e o número de baixas. No Vietnã, soldados e civis se desesperavam pelas perdas, tanto de soldados, como de pessoas inocentes daquele país; crianças, mulheres, idosos, que acabam mortos pelas bombas e pelo fogo cruzado.
E, claro, além de tanto drama temos também romance. Não vou falar sobre isso para evitar os spoilers, mas foi algo que me decepcionou muito no final. Achei o final muito corrido e mal desenvolvido, depois da narrativa minuciosa das primeiras partes. O final foi frustrante, faltou um ápice, faltaram alguns confrontos e um epílogo. [ALERTA DE SPOILERS] Ainda na batalha Jamie é ferido e transferido entre a vida e a morte, para um hospital maior em outra cidade. Frankie não sabe se ele sobreviveu ou não, e apesar de estarem apaixonados, nunca aconteceu nada porque ele se casou nos EUA antes de ir para a guerra. Depois ela revê Rys, amigo do irmão e se apaixona por ele. Eles começam a namorar, mas ao voltar para casa descobre que ele também morreu em batalha. No final os dois estão vivos. Rye era prisioneiro de guerra e volta para casa (com Frankie, noiva, grávida e prestes a se casar com outro). Ela termina o noivado e vai encontrá-lo louca de alergia, e descobre que ele é casado e tem uma filha. Eles acabam se tornando amantes (ela perde o bebê logo depois disso), e ele a pede em casamento e conta que estava se divorciando. Claro que era tudo mentira, ela se envolve em um acidente, bêbada e sob efeito de medicamentos e custa para se recuperar. O fim do caso com Rys também deixa a desejar, não tem um diálogo, um confronto... nada, ela só descobre que ele não se separou e vai embora. O livro termina com Frankie reencontrando Jamie, que sobreviveu e se divorciou, em um evento em homenagem aos veteranos muitos anos depois. Dá a entender que eles vão ficar juntos, mas nada é narrado. Esperava bem mais desse final. [FIM DOS SPOILERS
Apesar de me decepcionar com o romance, o livro é um relato importante e brutal sobre a batalha no Vietnã e vale a pena ser lido. Leiam!
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Avaliação (1 a 5):