Ausência na primavera – Agatha Christie
>> segunda-feira, 17 de novembro de 2025
CHRISTIE, Agatha. Ausência na primavera. Porto Alegre: Editora L&PM Pocket, 2010. 224p. Título original: Absent in the spring.
"Depois de unidas todas as partes, forçosamente ela obteria a estória completa da sua vida... a verdadeira estória de Joan Scudamore. E essa estória já estava começando a se desentocar do seu espírito e só esperava que ela se decidisse..." Posição 3.403
Chegamos ao 47º livro do Projeto Agatha Christie e as resenhas dos livros anteriores, você encontra AQUI. Este mês temos o 3º livro da autora escrito sob o pseudônimo Mary Westmacott, confiram o que achei de Ausência na primavera!
Joan Scudamore é uma típica dona de casa inglesa. Casada com o advogado Rodney, tem 3 filhos, duas moças e um rapaz, todos já casados e vivendo as próprias vidas. Joan é uma mulher tranquila, de pulso firme, e que se sente realizada com a vida que construiu.
Ao voltar de uma visita à filha mais nova, Bárbara, que vive em Bagdá com o marido e o filho recém nascido, ela acaba ficando presa em uma estação de trem no meio do deserto. As fortes chuvas impedem que os trens cheguem ao local, então ela precisa ficar vários dias em uma espécie de pensão local, até que o transporte volte a funcionar. Sozinha, sem nada para fazer, depois de terminar os poucos livros que levou, ela começa, inevitavelmente, a pensar em sua vida e a refletir sobre seu casamento e seus filhos.
E quanto mais pensa, por mais que não queira encarar muitas coisas que deixou passar despercebido ao longo da vida, Joan começa a refletir: Será que foi realmente tão feliz assim?
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O livro é um monólogo narrado por Joan, sozinha, sem ninguém com quem conversar e perdida em pensamentos. Apesar de entender o ponto da autora, e achar o enredo interessante, principalmente pela crítica à sociedade da época, eu achei a leitura muito lenta e morosa. Não me conquistou, mas ao mesmo tempo, é um livro bem escrito e que gera reflexões.
No começo do livro ela reencontra uma amiga de infância e pensa no quanto a mulher está velha e acabada, mal vestida e com a aparência cansada. Analisa de forma crítica esta amiga em pensamento por todas as atitudes erradas que a mulher tomou durante a sua vida. Enquanto Joan era bem casada, tinha três filhos bem criados e felizes, uma boa vida, etc.
Ao começar a pensar em tudo que aconteceu durante sua vida, ela começa a enxergar um cenário bem diferente. Um marido que era infeliz pela escolha de profissão que fez na vida, principalmente, por insistência de Joan. Se tornar um advogado da empresa familiar, ao contrário de ser fazendeiro, um grande sonho dele. E "descobre" também, que o marido provavelmente se apaixonou por outra mulher, e sofreu muito quando a perdeu.
Refletindo sobre os filhos, percebe que eles sempre acharam o seu papel supérfluo na casa e na criação deles. Já que era o pai que trabalhava e pagava todas as contas, a babá que os criava e as empregadas que faziam tudo. Então o que ela fazia??
Descobre que a filha, que estava visitando, provavelmente teve um caso com outro homem e que depois tentou se matar. Enquanto a filha e o marido faziam de tudo para que ela não visse a verdade, afinal, Joan sempre viveu "tampando o sol com a peneira". E daí em diante ela vai revendo várias situações, o afastamento do único filho, as escolhas da filha mais velha e a aparente tristeza do marido.
Depois de longos dias seu trem parte para o destino final e ela volta para Londres. E depois de tanta angústia (o sentimento mais presente no livro) o que Joan vai fazer para mudar o fato de ter ignorado tudo em nome de paz e tranquilidade? A resposta, apenas no final do livro. [ALERTA DE SPOILER] No final depois dessa canseira toda e de Joan pensar em chegar em casa e conversar com o marido, em escrever para a filha e etc... ela simplesmente não faz nada e tudo volta ao que era antes. Ela acredita que tudo não passou de devaneios causados pelo estresse daquela situação e segue com a sua vida tranquila e tapada hehe.[FIM DOS SPOILERS].
Eu achei a Joan chata demais em alguns momentos e sonsa durante quase todo o livro, não tive muita paciência. Mas não deixa de ser uma narrativa perspicaz; frustrante, mas com uma abordagem interessante sobre a dona de casa inglesa da época.
Quando eu leio contos, eu sempre reclamo que são rápidos, corridos, e que deveriam ser um livro. Acho que aqui foi o primeiro exemplo de um livro que poderia ter sido um conto kkkkkkk. Achei chato e muito casativo, custei para terminar. Este eu não indico, mas no geral, sigo amando o trabalho da autora.
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Livros sob o pseudônimo de Mary Westmacott
- Entre Dois Amores (Giant's Bread), 1930
- Retrato inacabado (Unfinished Portrait), 1934
- Ausência na Primavera (Absent in the Spring), 1944
- O Conflito (The Rose and the Yew Tree), 1948
- Filha é Filha (A Daughter's a daughter), 1952
- O Fardo (The Burden), 1956






