Amada imortal - Cate Tiernan

>>  segunda-feira, 15 de outubro de 2012


TIERNAN, Cate. Amada imortal. Rio de Janeiro: Editora Galera Record, 2012. 280p. (Amada imortal, v.1). Título original: Immortal Beloved.

“Estava no meu sangue. Eu sabia. Uma escuridão. A escuridão. Eu a tinha herdado, assim como a imortalidade e os olhos negros. Eu tinha resistido quando era mais jovem. Tinha fingido que não estava lá. Mas em algum momento no caminho, parei de lutar, cedi a ela. Por muito tempo, corri com ela ao lado. Mas naquela noite, a escuridão que me seguia havia mais de quatrocentos anos despencava sobre mim com um peso sufocante, e agora eu odiava a coisa horrível em que tinha me transformado.” p.31

Ah o doce sonho da imortalidade, doce como fel para aqueles que vivem esta experiência, quiçá para sempre. Parando para pensar a maioria dos seres sobrenaturais (vampiros, anjos, bruxos, fadas, demônios, etc) tem uma vida extremamente longa se compararmos com um simples mortal, e todos eles podem ser mortos de alguma maneira, já perdendo o sentido do nome “imortal”. E com meu trauma com a longa série Os imortais eu não estava muito animada para começar outra sobre o assunto. Mas vi tanta gente elogiando o livro em outros blogs literários que me aventurei, e hoje conto para vocês o que achei de Amada imortal da americana Cate Tiernan.

Nastasya nasceu em 1551, aos 10 anos ficou sozinha, quando toda sua família foi exterminada. Uma família de imortais, exterminada. Ela sabe que faz pouco sentido, mas eles podem morrer, se tiverem a cabeça separada do corpo é o fim. Quase 460 anos depois ela já não sabe o que é certo e o que é errado, não tem mais sentimentos ou emoções. Tudo é descartável, ela não se importa com ninguém. E segue a vida entre uma festa e outra, na companhia de seus amigos tão imortais e irresponsáveis quanto ela.

Até que em uma noite Incy cruza o limite do bem e do mal, e ela parece acordar de um longo período de estagnação. Londres. Um motorista de taxi mal humorado é extremamente grosseiro com ela e seus amigos, bêbados entre uma balada e outra. Enquanto ela ainda achava engraçado Incy estava torturando o taxista, por meio de Magick quebrou a coluna do cara, o silenciou e o deixou mudo e desesperado no meio do asfalto. Ela tentou argumentar, depois bebeu até cair para esquecer... depois fugiu.

“Ontem a noite meu mundo inteiro desabou. Agora estou fugindo, com medo.” p. 16

Ela já teve muitos nomes e muitos refúgios, mas Incy sempre estivera com ela, seu melhor amigo, inseparável. Agora quando pensa nele enquanto dirige para longe, começa a perceber que ele que sempre exigiu estar junto, o tempo todo. Sabendo que eles poderão encontrá-la em quase qualquer lugar, ela lembra-se de um refúgio e parte rumo aos EUA. E é assim que ela chega ao abrigo de River, um lar para imortais que buscam uma vida diferente. Lá também está Reyn, um Deus nórdico, bonito e sexy. Mas que parece olhar para ela com desinteresse e aversão. Será que Nastasya irá deixar seu mundo de riqueza, festas e bebidas para trás e abraçar uma vida simples? Ela poderá aprender, poderá assumir a herança e a Magick de sua família, só depende dela.

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Vocês sabem que eu tenho birra da série Os imortais, embora tenha lido até o final achei que tudo descambou para o espiritismo e o final foi um porre. Além dele sobre o tema eu li Julieta imortal – pior ainda, Livro de Joaquim – que eu adorei, mas tem um estilo bem diferente - e Ladrão de almas – que ainda não postei e não disse muito a que veio. Com exceção de Livro de Joaquim, este é o melhor do estilo até agora. Mas é bom que o leitor saiba que este não é um livro de ação e reviravoltas, é um livro mais reflexivo, sobre a busca de Nastasya para recuperar seu lado humano e ser uma pessoa melhor. É a historia de alguém que viveu mais de 400 anos, em diversas épocas e países diferentes, mas que não encontrou nada que desce sentido a sua vida vazia.

A narrativa da autora é muito boa, mesmo o livro sendo narrado em primeira pessoa ela conseguiu relacionar bem os demais personagens, e ficamos conhecendo a fundo a protagonista. Veja bem, inicialmente você não vai gostar dela, a moça é metida a riquinha, sem noção e muito mimada, do tipo que nunca fez nada na vida. É uma escolha arriscada, porque quando você escolhe uma protagonista impopular o risco dos leitores não aprovarem é muito maior. Neste caso, é exatamente do que o livro se trata, de alguém que se perdeu depois de centenas de anos de vida jogados fora e busca a redenção.

Você não precisa gostar de Nastasya, você só precisa dar uma chance para ela melhorar, se ela conseguir. Apesar disso a personagem é sarcástica e fala tudo que vem a cabeça. Eu gostei deste ângulo, já o pseudo-romance eu achei muito clichê. Ah tem o bonitão, aparentemente eles se odeiam, mas você sabe que no fundo eles estão loucos para se pegarem e com certeza tem algo no passado para justificar o ódio todo. Clichezásso! Acho que acabei de inventar uma palavra...

No mais o livro não tem muita ação e não acontece muita coisa rs, como é o primeiro de uma trilogia imagino que no próximo terá mais ação. O passado da protagonista é desconhecido e ela vai descobrindo e revelando isso aos poucos, este suspense eu achei bem interessante.

Leia se você gosta de sobrenaturais e não está procurando por lutas, magia ou muita ação, em Amada Imortal a autora consegue passar várias lições de vida, sobre abraçarmos o bem, sobre perdão, recomeço, dentre outras coisas. E ela faz isso sem cair na chatice dos livros estilo “autoajuda” o que é um mérito. Eu gostei J

Trilogia Amada Imortal de Cate Tiernan
  1. Amada imortal (Immortal Beloved)
  2. Cair das trevas (Darkness falls)
  3. Inimigo sombrio (Eternally yours).
Avaliação (1 a 5):

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