Os cinco porquinhos - Agatha Christie
>> segunda-feira, 11 de agosto de 2025
CHRISTIE, Agatha. Os cinco porquinhos. Rio de Janeiro: Editora Editora Globo, 2014. 296p. Título original: Five Little Pigs.
"Não chego ao ponto de tolerar o assassinato, mas ainda assim, monsiour Poirot, se algum dia houve uma mulher que foi levada a esse ponto de ruptura, essa mulher foi Caroline Crale. Eu lhe digo francamente, houve momentos em que eu mesma teria gostado de matar aqueles dois."
Chegamos ao 44º livro do Projeto Agatha Christie e as resenhas dos livros anteriores, você encontra AQUI. Este mês voltamos com Hercule Poirot, mas pela primeira vez nosso amado detetive investiga um crime que aconteceu há muitos anos. Confiram o que achei de Os cinco porquinhos.
A jovem Carla Lemarchant procura Poirot e tem um pedido que muitos julgariam impossível, mas para o detetive mais famoso da Inglaterra é apenas intrigante. Seus pais morreram quando ela ainda era muito nova para se lembrar dos detalhes, mas agora ela está noiva e antes de começar sua nova vida, ela precisa saber a verdade: Sua mãe, Caroline Crale, foi quem realmente envenenou seu pai? Ela morreu na prisão apenas 1 ano após ser condenada à prisão perpétua, pela morte do marido, Amyas Crale, mas deixou para a filha uma carta onde afirmava ser inocente. Isso aconteceu há 16 anos atrás...
Além do casal e sua filha, estavam presentes o melhor amigo de Amyas e seu irmão, Philip Blake e Meredith Blake, e, sua amante Elsa Greer, exatamente, Amyas já tinha tido muitos casos, mas desta vez ele levou a jovem para se hospedar em sua casa enquanto concluía um quadro com a moça posando como modelo. Na casa também viviam empregados antigos e de confiança e a governanta, Cecilia Williams; que era tutora da irmã mais nova de Carla, Angela Warren, que tinha 13 anos na época em que o crime aconteceu.
A estratégia de Poirot é conversar com cada uma dessas cinco pessoas, falando a verdade ou usando de algum subterfúgio, e descobrir a versão de cada um sobre o que realmente aconteceu. Depois reconstruir como o crime realmente aconteceu, e tentar descobrir se Caroline realmente envenenou o marido... a verdade é que motivos não lhe faltavam.
Muitos sentimentos se revelam, e Poirot descobre que outros personagens também poderiam ter motivos para assassinar Amyas, mas qual deles realmente cometeu o crime?
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O enredo surpreende, é o primeiro crime que acontece no passado, e o fato do assassinato ter acontecido há tantos anos, muda completamente a linha investigativa de Poirot. O enredo é bem construído, os personagens são bem explorados e o final surpreende em partes. Porém, a estratégia utilizada por Poirot para descobrir a verdade, tornou o livro muito maçante para mim.
Caroline foi presa e condenada por envenenar o marido. Apesar de ter um advogado muito bom, nunca realmente tentou se defender. Ela acaba sendo condenada à prisão perpétua e morre na prisão apenas um ano depois do marido. Ela poderia realmente ser inocente?
Ela tinha motivo, tinha meios, e com certeza roubou o veneno que o matou. Tudo o que ela disse é que o marido só poderia ter se matado, porque ela pegou o frasco com veneno pois pretendia se suicidar. Carla era ainda muito nova e lembra pouco sobre os pais. Angela era apenas uma criança, mas muito inteligente e ardilosa, também acreditava que a irmã era inocente. A governanta sempre achou que Caroline era culpada, e entendia seus motivos. Elsa, a ex-amante, odiava Caroline pelo que ela perdeu, ela pretendia se casar com Amyas depois que ele se separasse da esposa. Philip dizia odiar Caroline, Meredith parecia ter sido apaixonado por ela... e por aí vai.
A estratégia de Poirot é conversar com cada uma dessas pessoas e pedir para que elas contem tudo aquilo na versão delas. Depois pede que cada um deles escreva um relato sobre como tudo aconteceu. E disso, ele tira a solução do mistério.
A solução foi excelente e as narrativas deixam pistas para chegarmos ao culpado juntos com Poirot. Porém, o fato de cada uma das 5 pessoas contar tudo de novo, pela versão delas, foi extremamente chato e cansativo. O livro não anda, era ler tudo de novo e de novo com sutis diferenças.
O final foi bem elaborado e eu curti a solução, mas foi dos livros que menos gostei do detetive, embora bem escrito. [ALERTA DE SPOILER] Eu desconfiei desde o começo que Caroline não se defendeu porque achava que a irmã era culpada, que ela tentou pregar uma peça em Amyas para se vingar dele e acabou matando-o. Ela viu Angela pegar uma cerveja e parecia estar mexendo nela pouco antes do acontecido. Mas Angela iria usar outra coisa para realmente pregar uma peça em Amyas e não chegou a servir a cerveja para ele. Caroline suspeitar da irmã, me fez suspeitar dela também até o final. Eu suspeitei de Elsa a amante (principalmente porque ela sobe para pegar um casaco em um dia quente), mas descartei por falta de motivos. Afinal, Amyas iria deixar a esposa e casar com ela. Mas no final, pelas conversas atravessadas, Poirot descobre que ele não iria fazer isso, que ele disse para a esposa que iria se livrar dela logo depois que concluísse o quadro, só precisava terminar o trabalho. Elsa ouviu tudo e conseguiu dois feitos, matar o amante que iria deixá-la e descumprir sua promessa, e ainda se vingar da esposa, aos olhos dela, culpada de tudo. [FIM DOS SPOILERS]
Agatha Christie com todas as suas inúmeras vertentes sempre é uma surpresa, mas esse achei lento demais para eu amar. Quem leu me conta se curtiu!
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Avaliação (1 a 5):