Viagem Literária: Glimmerglass

BLACK, Jenna. Glimmerglass: o encontro de dois mundos. São Paulo: Editora Universo dos livros, 2011. 296p. (Faeriewalker, v.1). Título original: Glimmerglass.

“Eu entraria em contato com meu pai e, ao menos que pressentisse alguma coisa quanto a ele ser verdadeiramente algum tipo de pervertido, iria viver com ele. Em Avalon. Na Cidade Selvagem que era a encruzilhada entre o nosso mundo e Faerie, a cidade onde magia e tecnologia coexistiam no que se assemelhava a algum tipo de paz. Mesmo em Avalon, imaginei, eu teria um vida melhor, mais normal que a que eu tinha agora com minha mãe.

Nunca estive tão enganada em toda a minha vida.” p. 12.

Faeriewalker é uma série que eu queria conhecer há um bom tempo, comprei o primeiro livro ano passado na Bienal RJ, mas por falta de tempo ficou parado na fila. Enquanto isto, nesta onda de sobrenatural/fantasia li três livros sobre FADAS: Lua das fadas, Asas e A filha do pastor das árvores; este último principalmente tem muito em comum com o enredo deste livro. Hoje vou falar das minhas impressões sobre Glimmerglass da americana Jenna Black.

Dana Hathaway, 16 anos, não se lembra de ter sido algum dia uma criança de verdade; desde cedo cuidou da mãe sempre bêbada e foi responsável pelo pagamento das contas e tarefas domésticas. Por este motivo, e pela paranoia da mãe que achava que o pai da menina poderia estar atrás delas, viviam se mudando e Dana não tinha nenhum amigo de verdade; isto sem contar das pessoas que mais cedo ou mais tarde descobriam a doença da mãe e acabam se afastando delas.

Agora, depois de a mãe dar mais um vexame em sua apresentação musical no colégio, Dana estava cansada dessa vida, cansada de tudo isso. E é assim que a adolescente começa a pensar em sua única chance de escapar, procurar o pai, um desconhecido morador de Avalon.

Avalon é a única cidade onde os seres mágicos e os humanos podem conviver, a cidade é uma espécie de “Vaticano” com suas próprias leis e seus próprios lideres. Avalon é também a fronteira entre o mundo real e Faerie, a cidade das fadas.

Este foi um dos motivos que levou a mãe de Dana a sair fugida de lá, não queria que sua filha vivesse no meio daqueles seres. Mas agora Dana estava bem grandinha, resolve fugir de casa em um dos porres da mãe e procurar o pai. Tudo o que ela quer é uma vida normal, alguém para cuidar dela para variar.

Ela nunca esteve tão enganada. Logo que chega a Avalon Dana é sequestrada pela própria tia – Grace -, é informada de que seu pai está preso e se torna o pivô em uma disputa entre os humanos, os Seelie e os Unseelie. Faerie é dividida em duas Cortes, que por vezes estavam em guerra e em outras estabeleciam uma paz inquieta. Pelo que Dana sabia, os feéricos seelie eram os “bons” – um termo bem relativo por lá; os Unseelie eram formados por bandidos – gnomos e monstros e todas as coisas estranhas, horrendas e mágicas.

Dana conhece Ethan e Kimber, dois irmãos que insistem em escondê-la e ajudá-la, mas ela logo descobre que todos têm algum interesse nela. Em meio a tanta confusão, Dana descobre que ela é uma Faeriewalker e está no meio desta disputa de poder. Um Faeriewalker é algo raro e poderoso, são indivíduos capazes de levar tecnologia para Faerie e trazer magia para o mundo real.

Dana não sabe em quem confiar, não sabe para onde fugir. Agora precisa fazer escolhas e descobrir a que mundo realmente pertence.

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Glimmerglass foi uma leitura gostosa, porém com evolução mais lenta e com menos ação do que eu gostaria. O enredo tem vários pontos que se assemelham com A filha do pastor das árvores, mas acredito que esta série promete mais, os personagens são bem melhores. Ambos os livros têm uma protagonista que conhece um mundo novo, que foi afastada da mãe e irá conhecer o pai e que se torna alguém importante naquele mundo novo. O primeiro tem mais ligação com a natureza, Faeriewalker é mais voltado para a magia e para o poder. Já comparando com a série Asas, este é bem mais adulto e mais interessante, em Asas as fadas são plantas, a pegada é bem diferente. A título de comparação, ainda me falta ler O rei do ferro e Terrível encanto. =]

Eu gostei dos personagens, Dana é inteligente e decidida, porém é teimosa igual uma porta e não se cansa de reclamar da bebedeira da mãe e do jeito arredio do pai. Ethan e Keane – este segundo bem mais interessante – são os dois rapazes que prometem algum romance com a protagonista, mas neste primeiro livro nada realmente acontece. Gostei muito do pai de Dana, de Finn – um segurança tudo de bom e bem diferente - e do jeito divertido de Kimber.

Achei que outros personagens tiveram pouco destaque na trama, tudo fica muito concentrado em Dana, problema que sempre vejo nos livros narrados em primeira pessoa. Eu não sei citar ao certo o que não me deixou encantada com a série, eu gostei, mas foi só isso. Acho que um pouco pela evolução lenta, um pouco pela falta de romance.

O maior destaque para mim foi pela sociedade Faerie - que promete na continuação - e pelo novo ambiente, aquela coisa toda de protagonista na escola já estava me cansando e o cenário da misteriosa Avalon é bem mais interessante. Aquela coisa de rainha do bem e do mal - seelie e unseelie – também promete.

O segundo livro da série já está aqui na fila de espera, vou ler e acredito que possa ser bem melhor, com menos introdução e mais ação. Aguardem a próxima resenha para saber. Se você adora uma fantasia sobre fadas eu indico. =]

Trilogia Faeriewalker de Jenna Black

In: http://www.jennablack.com