Viagem Literária: Boneco de neve

NESBØ, Jo. Boneco de neve. 10ed. Rio de Janeiro: Editora Record, 2017. 420p. (Harry Hole, v.7). Título original: (The snowman).

"Um pensamento esvoaçou em sua cabeça; ele podia fazer uma prece. Mas ele sabia que Deus havia se decidido, que o destino estava esgotado, que o ingresso dele precisaria ser adquirido no mercado negro. Mas, de qualquer modo, a alma dele seria de pouca serventia sem ela." p. 401

E hoje vamos de mais Harry Hole, uma das minhas séries policiais favoritas. Personagens complexos, tramas bem elaboradas e enredos excelentes, essa é imperdível na estante! Confiram o que achei do 7º volume com Boneco de neve do Jo Nesbo.

A resenha não contém spoilers dos livros anteriores. Mas fala sobre a vida pessoal do protagonista e muitos livros estão interligados. Sugiro que os livros sejam lidos NA ORDEM.

Nos dias frios de novembro, caí a primeira neve em Oslo. E com eles os tão famosos bonecos de neve... Mas pela primeira vez eles são diferentes, os olhos estão voltados para dentro, eles observam a casa, e não a rua. Os bonecos estranhos ficam ainda mais sinistros, quando a polícia faz a ligação entre o boneco misterioso, e o desaparecimento da mãe da família em questão.

O inspetor Harry Hole recebe uma carta misteriosa, do autointitulado "Boneco de Neve". Ele mostra a carta ao seu chefe, ainda sem saber a que poderia estar ligado. Quando Birte Becker desaparece misteriosamente, e um boneco de neve aparece no jardim, sem ter sido feito por nenhum dos moradores, Harry dá o alerta. Ele monta uma equipe de investigação, consegue conectar o caso a outros casos antigos similares e começa a sua caçada. Um serial killer está à solta, eles não possuem nenhum corpo, nenhuma pista. Apenas algumas similaridades: Todas as mulheres eram casadas e tinham filhos, todas desaparecem sem pista, um boneco de neve é encontrado no jardim.

A equipe de Harry agora é formada por Magnus Skarre, Bjorn Holm, da perícia, e Katrina Bratt, uma oficial transferida para o setor de homicídios. Eles possuem poucas pistas e muitos enigmas. À medida que a investigação avança, Harry fica obcecado e tem certeza que caça um serial killer, o segundo na sua carreira.

Enquanto isso, sua vida pessoal continua instável. Seu relacionamento com Rakel terminou, e ela agora está noiva de um médico, Mathias Lund-Helgesen. Já o filho dela, Oleg, continua muito apegado a Harry, e ele sempre procura fazer algumas atividades com ele. Harry não admite nem para si mesmo, mas está arrasado com a perda, se exercitando demais e muito abaixo do peso. O alcoolismo está controlado, por enquanto, mas só o que o mantém longe da bebida é uma boa investigação.

Como sempre, ele se envolve de corpo e alma com a investigação, que vai ficando cada vez mais pessoal. Harry sabe que está perto, mas como sempre, sua vida corre perigo.

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Esse é um dos melhores livros da série até agora, que leitura fantástica! Amei tudo nesse enredo, a tensão crescente, o perigo constante e os desdobramentos surpreendentes. É sim um dos melhores, e acredito que por isso ele tenha sido escolhido para a adaptação cinematográfica, mas aparentemente, o filme de 2017, dirigido por Tomas Alfredson foi um fracasso! E não estranho, nem assisti e imagino que tenha ficado raso e pouco desenvolvido. As séries precisam ser lidas na ordem por um motivo. :D

Os personagens do Jo Nesbo são muito complexos, Harry é um protagonista cheio de camadas e tudo isso foi se desenvolvendo ao longo dos livros. Ele é alcoólatra, solitário, mantém distância de todos e prefere a solidão. Harry já perdeu dois parceiros até então, assassinados. Já perdeu a mulher que amava, tudo isso você vai sendo construído ao longo dos livros. Suas dores, suas decepções. Ele só tem uma irmã, que foi abusada quando era mais nova e é neurodivergente. Harry vai acumulando culpas ao longo da vida.

Seu distanciamento com a nova equipe não é para menos, ele evita se aproximar deles, de fazer amizades próximas. No fundo ele acredita, que se suas ações gerarem consequências, elas serão apenas dele. Sem raízes, sem ter proximidade com ninguém. Claro que isso nunca funciona, e perder Rakel e Oleg, que ele considera um filho, é parte disso.

Falando sobre a parte policial, este foi um dos criminosos mais interessantes da série. Livros de serial killers costumam ser melhores, e o autor não decepcionou. Eu acertei o motivo das vítimas serem escolhidas logo no início (mulheres casadas, que traíram seus maridos e cujos filhos não são dos maridos), mas mudei de suspeito ao longo da investigação. Acertei no final quem era a pessoa, mas já estava tão no final que nem considero um mérito hehe.

[ALERTA DE SPOILERS SOBRE O FINAL] Bem no meio da investigação descobrem que Katrina era filha de um policial que foi assassinado e caçava o boneco de neve, esse policial chega a ser suspeito, até encontrarem o corpo dela. E aí ela se torna suspeita, pois descobrem que ela enviou a carta do boneco de neve para Harry. Eu não suspeitei dela, achei o tempo todo que ela queria achar quem matou o pai, ou concluir a última investigação dele, e realmente era isso. O médico cirurgião plástico que foi suspeito por boa parte do livro, também não achei que seria o culpado. Eu sempre achei que Rakel seria uma vítima, por ela ter um filho e estar noiva, tendo um caso com Harry. E no final além disso Oleg não era filho do pai biológico que acreditava ter, então o assassino realmente tenta matá-la, mas Harry salva os dois, perdendo dois dedos no processo. E no final o assassino era o médico noivo dela, demorei para desconfiar dele, parecia o legítimo bom moço. E mesmo com tudo isso, ele sabe que Rakel não vai voltar para ele. [FIM DOS SPOILERS]

O final trouxe uma das melhores cenas de ação da série e eu terminei de queixo caído, e claro, já doida para ler os próximos. Para os fãs de ficção policial esta série é imperdível, leiam!

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Série Harry Hole do Jo Nesbø: