Viagem Literária: A última vítima

GERRITSEN, Tess. A última vítima. Rio de Janeiro: Editora Record, 2014. 368p. (Rizzoli & Isles, v.10). Título original: Last to die.

“- Os casos são relacionados?

- Não. Will veio de New Hampshire. Claire veio de Ithaca, Nova York. Por que pergunta?

- Porque acabo de realizar necropsias em uma família em Boston, morta durante uma invasão doméstica. Houve um sobrevivente na casa, o filho adotivo. Um garoto de 14 anos. Um garoto que ficou órfão há dois anos, quando a família foi massacrada. – Ela olhou para os rostos chocados. – Ele é justamente como seus dois alunos. Duas vezes órfão. Duas vezes sobrevivente.” p.96

Rizzoli & Isles é minha série policial queridinha e não me canso de falar dos livros por aqui, quando vejo um lançamento da autora já fico em polvorosa, seus livros são sempre muito bons. E hoje vou contar para vocês o que achei do décimo volume da série com A última vítima da Tess Gerritsen.

A série acompanha a vida da Detetive Jane Rizzoli e da legista Maura Isles, duas mulheres que estão sempre enfrentando desafios pessoais e profissionais. Em cada livro elas investigam um mistério diferente e a autora é bem versátil quando se trata de crimes e investigações. Porém desde O cirurgião, o primeiro livro, elas já passaram por muita coisa e evoluíram muito, por isso acho interessante que os livros sejam sempre lidos na ordem.

A resenha contém spoilers para quem não leu os livros anteriores, somente sobre a vida pessoal das protagonistas.

A amizade de Jane Rizzoli e Maura Isles ficou abalada depois que Maura foi obrigada a depor contra um policial, um membro da corporação. Enquanto Maura sabe que apenas cumpriu seu dever, os policiais não veem a atitude com bons olhos e em sua maioria têm evitado a médica legista. Maura se sente solitária, ainda mais depois do fim de seu romance proibido. Jane tem o apoio do marido e uma filha pequena para cuidar, mas está passando por dificuldades sendo colocada no meio da guerra que virou o divórcio conturbado do pai. Mas a violência não espera, e em seu dia de folga ela é chamada com urgência para um novo caso.

Teddy Clock tem apenas 14 anos, mas já foi duas vezes vítima de uma grande tragédia. Sua família biológica foi toda assassinada há alguns anos e agora um massacre deixa toda sua família adotiva morta. Ele é o único sobrevivente, um menino perturbado que acredita atrair o mal. Claro que Jane logo estranha essa coincidência e enquanto os outros policiais tratam o caso como um assalto seguido de morte, ela começa a investigar o passado e tenta proteger o garoto.

Maura está de férias e foi visitar Rato, o adolescente de 16 anos que ela considera como filho (apresentado em Gélido) na escola Evensong do misterioso Anthony Sansone (ver O clube Mefisto). A escola é protegida e cuida de adolescentes que já passaram por traumas como este, fica em um lugar isolado e desconhecido, o lugar ideal para esconder Teddy.

Porém, Jane descobre que a história de Teddy é semelhante ao que aconteceu com duas outras crianças, Will Yablonski e Claire Ward, e apesar do seu chefe ser contra a investigação ela começa a pesquisar. Os três estão ligados de alguma maneira sinistra? Duas vezes tiveram suas famílias assassinadas, por duas vezes sobreveviram. Jane está preocupada, Maura descobre que a morte a acompanha, mesmo em suas tão esperadas férias.

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Eu adoro a escrita da autora, os seus personagens tão bem desenvolvidos e a quantidade de elementos que ela envolve para a construção do cenário, aqui vamos de crianças órfãs, passando por pesquisa sobre vida extraterrestre e até a CIA entra na história. Ela é tão versátil que depois de dez volumes ainda me surpreende. As protagonistas são excelentes e é muito bom acompanhar a história das duas. Porém, este não foi dos meus preferidos da série.

Vários fatores me desagradaram, apesar de gostar do livro no geral, imagino que eu seria menos crítica se não fosse tão fã da série. Eu comparo com os outros e perto deles este deixou a desejar. Não é ruim, mas eu queria tão mais.

A primeira coisa que me desagradou foi a tradução, tem erros feios, erros que nunca vi em um livro da autora, a revisão deixou a desejar. Na página 104, só um exemplo, a autora está falando de Jane e eles escreveram Maura, fora outros errinhos de digitação.

Em seguida achei que as protagonistas tiveram pouco destaque, a história ficou muito centrada nos três adolescentes e apesar de ter gostado deles, senti falta de uma Jane encrenqueira e de uma Maura sabe tudo desvendando todos os mistérios. Sansone é um personagem interessante, mas sua participação foi muito contida. Por outro lado, adorei Rato aparecendo mais, adoro o garoto.

A motivação para o crime também não me convenceu, eu matei parcialmente a charada, tive algumas surpresas, mas o porquê do vilão agir como agiu é muito milaborante. Era muito trabalho e muita espera para pouco resultado, era mais fácil ter ido direto ao ponto, enfim, não da para explicar sem contar o final do livro, mas não me convenceu. Achei o final também meio sem graça, normalmente fico desesperada no fim desses livros e este foi só ok, eu esperava por isso.

Não achei pedante, sem conteúdo ou infantil como vi pessoas criticando no Goodreads, nem um pouco. Porém, se é da Tess eu espero um policial perfeito e cinco estrelas, este não foi.

Mas eu indico muito a série, lida na ordem. É a melhor série policial ever, com as melhores tramas, as melhores protagonistas e uma narrativa que prende o leitor do início ao fim. Leiam!

Série Rizzoli&Isles

In: http://www.tessgerritsen.com